Prestes a completar 130 anos e com a bagagem cheia de histórias, o Clube das Pás, o mais antigo do País, decidiu ganhar o mundo. Nascido no Carnaval de 1888, no Recife, ele aporta hoje, às 17h, em seu primeiro destino: a Praça 13 de Maio, em Goiana, município da Zona da Mata Norte do Estado, a 65 quilômetros da capital. Com sua tradicional orquestra, cantores, passistas, porta-estandartes e foliões, o clube lança o projeto Pás na Praça, para fortalecer o frevo fora do período momesco e a sua própria identidade.
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Apesar de as músicas latinas, boleros e bregas embalarem os frequentadores do clube na maior parte do tempo, as Pás mantém a tradição secular de abrir os bailes do sábado com o frevo, também tocado durante os shows. “O frevo é nosso maior patrimônio cultural e precisa ser cada vez mais valorizado e fortalecido em Pernambuco. Daí a ideia de levarmos esse projeto aos mais variados municípios”, diz o presidente do clube, Rinaldo Lima.
Desde 2005, as Pás também oferece uma escola de frevo comunitária, atualmente com 30 alunos das mais diferentes idades, que participam dos eventos do clube de forma voluntária. Quem coordena o grupo é Gecilandi Monteiro, 52, conhecida como Landinha, viúva de Nascimento do Passo. “A dança é uma oportunidade de inserção social e apesar de o projeto ser voltado para a comunidade temos alunos até das cidades de Olinda e de Jaboatão”, declara. Ela conta que, com o apoio da filha, conseguiu levar o grupo para se apresentar na Suíça.
“O frevo para mim é tudo. É hobby, é profissão, é vida. E esse projeto ajuda a divulgá-lo”, diz o aluno Filipe Azevedo, 28 anos, que também atua como instrutor. Ele começou na dança há 15 anos, na Escola de Frevo do Recife, fundada por Nascimento do Passo, e hoje dá aulas de vários ritmos.
APOIO DOS MUNICÍPIOS
Diretor do clube, Jaques Cerqueira explica que o projeto conta com apoio das prefeituras dos municípios e foi pensando como preparativo para o aniversário, em março. “Divulgamos a proposta em nosso site e Goiana foi a primeira cidade a nos procurar com interesse no projeto, por isso vamos começar por lá. Mas também já estamos fechando com Triunfo (no Sertão), Itaíba (Agreste), Tamandaré (Mata Sul), São Lourenço (Grande Recife) e Carpina (Mata Norte)”, informa.
Para receber o clube na cidade, a prefeitura precisa dar apoio montando palco, som e iluminação, além de fornecer lanche para os participantes. “Nosso custo será basicamente com um ônibus de turismo que alugamos para transportar todos”, observa Jaques.
A equipe tem 50 integrantes, sendo 17 músicos (12 instrumentistas e cinco cantores) e a programação prevê quatro horas de show. Passistas e porta-estandartes se apresentam durante uma hora e nas outras três a orquestra e cantores fazem a festa dos moradores, com muito brega no “cardápio”.
Durante o evento, será distribuído material de divulgação do clube e haverá sorteio de convites para as festas da agremiação, que depois de ser campeã 12 vezes no Carnaval acabou rebaixada e, após três anos, voltou ao grupo especial, e venceu na categoria Clube de Frevo, este ano.
HISTÓRIA
O nome do clube faz referência ao seu surgimento, em 19 de março de 1888. Um navio cargueiro inglês, atracado no Porto do Recife, precisava ser abastecido de carvão para seguir viagem, mas, em pleno Carnaval, não havia trabalhadores interessados na tarefa. Por uma remuneração melhor, um grupo acabou deixando a folia de lado para fazer o trabalho, durante o qual teve a ideia de montar um bloco, saindo do serviço já com as pás nas costas para brincar. O Bloco das Pás de Carvão desfilou até o Carnaval de 1890, quando mudou o nome para Clube Carnavalesco Misto das Pás. Misto por também ser aberto às mulheres.