Entrevista

''Não há revolta, só queremos justiça'', diz 'tia' da babá morta em acidente

Valquíria Andrade, 42 anos, era chamada de tia por Roseane, vítima de acidente com motorista embriagado

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Publicado em 27/11/2017 às 22:24
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Valquíria Andrade, 42 anos, era chamada de tia por Roseane, vítima de acidente com motorista embriagado - FOTO: Filipe Ribeiro/JC Imagem
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De tão íntima da família de Roseane Maria de Brito, de 23 anos (a babá morta em acidente provocado pelo universitário João Victor Ribeiro Leal, 25, no domingo, na Tamarineira, Zona Norte do Recife), a dona de casa Valquíria Andrade, 42 anos, era chamada de tia pela babá. E assumiu a difícil tarefa de ajudar na burocracia de liberação do corpo e enterro. Ainda sem acreditar na trágica morte da sobrinha de coração, ela diz que a família não sente revolta pelo ocorrido, mas apenas desejo de justiça.

ENTREVISTA

JORNAL DO COMMERCIO – Roseane estava mesmo grávida?
VALQUÍRIA ANDRADE – Sim, estava com três meses de gravidez e na próxima quinta-feira ia fazer ultrassonografia para ver se era menino ou menina.

JC – E como ela estava se sentindo com a gravidez?
VALQUÍRIA – Ela estava muito contente, toda a família estava. E muito ansiosa, vivia sonhando em ter outro filho (ela tem uma menina de 3 anos do primeiro casamento e perdeu outro) e estava doida para saber o sexo.

JC – Ela tinha preferência?
VALQUÍRIA – Estava querendo um menino, porque já tem uma menina.

JC – A filha dela sabe que a mãe morreu?
VALQUÍRIA – Ela sabe, mas não entende direito. Ela fica olhando a mãe (no velório) e dizendo para a gente acordar ela. É uma menina muito carinhosa. No domingo de manhã elas tinham se falado pelo WhatsApp e a mãe disse que voltaria para casa na segunda-feira (ontem).

JC – Quem vai criá-la?
VALQUÍRIA – Ela vai ficar com a avó e a bisavó.

JC – Como a família recebeu a notícia?
VALQUÍRIA – Ligaram avisando e a mãe dela me procurou logo, eu fui resolver as coisas com ela. A família está sofrendo muito. A mãe está medicada e eu fico controlando a pressão dela o tempo todo. O marido então... O pai dela mora em Macaparana (na mesma região) e veio para o enterro. A cidade é pequena, está em choque. Eu ainda não estou acreditando, a ficha não caiu.

JC – Há quanto tempo Roseane trabalhava como babá?
VALQUÍRIA – Há mais de dois anos. Ela ia para o Recife de 15 em 15 dias e trabalhava na sexta, sábado e domingo, como folguista. A família dos patrões está dando toda a assistência, inclusive para trazermos o corpo para Aliança.

JC – Como era Roseane?
VALQUÍRIA – Uma pessoa muito alegre, que contagiava todo mundo onde chegava. A gente já tinha combinado para fazer amigo secreto no fim de ano e ela estava animada. Vai fazer muita falta.

JC – Qual o sentimento quanto ao rapaz que provocou o acidente?
VALQUÍRIA – Não existe revolta. A gente só quer justiça. Quem somos nós para julgar ele? Acredito que só para ele dormir à noite vai ser complicado, pelo que ele fez.

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