Tragédia no Pina

Dono de empresa descarta falha humana em acidente

Comandante Wagner Monteiro diz que piloto era extremamente experiente. Ele acredita que a queda da aeronave foi causada por fator externo

Da editoria de Cidades
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Publicado em 24/01/2018 às 6:34
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Comandante Wagner Monteiro diz que piloto era extremamente experiente. Ele acredita que a queda da aeronave foi causada por fator externo - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Um piloto experiente, devastado por uma tragédia, mas sem perder o controle e a presteza para dar todos os esclarecimentos possíveis. O comandante Wagner Monteiro, 57 anos, um dos donos da empresa Helisae, viveu ontem o momento mais difícil de sua vida. Com o enteado internado em estado grave, ele passou o dia tentando entender os motivos que levaram à queda do Globocop. Entre todas as possibilidades, o Wagner diz ter certeza que não houve falha humana.

JC – Como o senhor soube do acidente?
WAGNER MONTEIRO – A Globo me informou. Eu fui para o aeroporto, peguei outro helicóptero e fui para o local do acidente. Eu e minha esposa. Quando cheguei lá, vi que tinha muita gente. Ela começou a ficar muito nervosa. Como mãe, ela se desesperou, estava chorando muito. Então, eu resolvi voltar.

JC – O que pode ter acontecido para provocar a queda?
WAGNER – Tudo são especulações. A aeronave não deu sinal de nenhuma coisa errada. Se tivesse algum problema na aeronave na hora da decolagem, o piloto perceberia. O vídeo que eu vi mostra a aeronave parada, fazendo imagens, como a gente sempre faz. Totalmente estabilizada, voando normal. E, de repente, em questão de segundos, a câmara começa a tremer. É muito estranho. Eu não acredito em falha humana nem em problema mecânico da aeronave. Eu acredito que foi algum fator externo.

JC – O que poderia ter sido? Moradores no local do acidente chegaram a falar num possível choque com pássaros. O senhor acha isso provável?
WAGNER – Poderia, sim. Mas se um pássaro colidiu com o rotor de cauda, o helicóptero cairia em rotação. Mas acho que não seria motivo para derrubar o helicóptero. Uma informação extremamente importante é a forma como a aeronave colidiu com a água. Mas só a investigação vai esclarecer o que realmente aconteceu.

JC – Então o senhor descartaria a hipótese de falha humana?
WAGNER – Ao meu ver, está totalmente fora de cogitação. Daniel era uma pessoa extremamente séria. Um profissional sem reparos. Ele trabalhava conosco há sete anos, era instrutor de voo. Um piloto extremamente experiente. Um profissional muito competente. Se tivesse uma emergência, ele certamente saberia o que fazer.

SEM CAIXA PRETA


JC – Tem algum equipamento na aeronave que possa ter gravado o que aconteceu, a exemplo da caixa preta?
WAGNER – Não tem caixa preta. A gente tem um transmissor, que fica ao vivo, direto. Na hora em que a câmara tremeu, ela apagou. Desligou o transmissor, desligou tudo. Não ficou nada gravado.

JC – O helicóptero tinha quantas horas de voo?
WAGNER – Tinha três mil e poucas horas. Mas só que a cada 2.200 horas, a gente fazia uma revisão geral. Depois dessa última revisão, ela tinha mil e poucas horas de voo. Estava tudo sob controle. Todas as revisões feitas. É uma fatalidade que a gente não quer acreditar, não quer aceitar. Eu trabalho com a TV Globo há 15 anos e nunca sofremos sequer um incidente em todo esse período.

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