Os foliões que não aceitam o fim do Carnaval mais uma vez esticaram a farra pelas ladeiras de Olinda, no tradicional bloco Bacalhau do Batata, na manhã desta quarta-feira (14). No Alto da Sé, durante a concentração dos resistentes, já começou a contagem regressiva para o reinado de Momo de 2019. "Enquanto os clarins, as trombetas e os bombos estiverem tocando, a gente aproveita. Hoje não é o encerramento, é a preparação para o ano que vem", afirmou a psicóloga Celenilda Gouveia, 49.
O garçom Izaías Pereira da Silva, o famoso Batata, fundou o Bacalhau, há 56 anos, porque trabalhava nos quatro dias de folia. Ele morreu em 1993, mas deixou a tradição com os amigos, que fazem questão de relembrá-lo a cada desfile do bloco. Maria José Neves de Paula, 64, leva o estandarte desde a fundação. "Me preparo o ano inteiro para este momento. É muito gratificante ver algo que começou numa brincadeira e ganhou a proporção do Bacalhau", afirmou.
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O estandarte pesa cerca de 30 quilos e é tradicionalmente preparado às 6h da Quarta-feira de Cinzas. Há 50 anos, o aposentado Carlos Couto, 74, é o responsável pelo ritual. "Leva umas duas horas para ficar pronto e tem tudo aquilo que vai para a panela depois para cozinhar com a bacalhoada", contou. O preparo lembra o amigo fundador. "Batata era como um irmão para mim, vivia na minha casa. Eu me sinto saudoso quando estou ajeitando o estandarte", revelou Carlos.
No Recife, os foliões também se recusaram a encerrar a festa e lotaram o Mercado da Boa Vista, onde desfilaram, na tarde desta quarta, os blocos Bacalhau na Vara e Os Sem Limites. Presidente do Bacalhau na Vara, o jornalista Manoel Constantino afirmou que a ideia surgiu como a maioria dos blocos, em uma conversa informal entre amigos. "Há 16 anos, resolvemos criar o bloco para brincar com a criação do bacalhau, que tem origem nos mercados públicos", comentou.