O primeiro caso de febre amarela em Pernambuco foi confirmado, nesta sexta, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Trata-se de um homem de 45 anos, morador de Bezerros, no Agreste, que voltou doente de Mairiporã, em São Paulo, área de risco de transmissão, por isso o caso está sendo tratado como importado e não autóctone, quando a contaminação acontece no próprio Estado. Segundo a SES, ele já está recuperado e sem o vírus transmissor. A filha dele, de 5 anos, que também apresentava sintomas parecidos aos do pai, teve o resultado negativo para a doença, que não é registrada em Pernambuco desde a década de 1930. Ao todo, são quatro notificações no Estado, três já descartadas.
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A gerente do Programa de Vigilância das Arboviroses da SES, Claudenice Pontes, explica que, apesar da confirmação, a febre amarela não circula no Estado e não há motivo para pânico. “É um caso que ocorreu fora. Ele viajou com a família de carro, hospedou-se em um sítio e quando voltou (foi uma semana de viagem) já estava fora do período de viremia, ou seja, sem o vírus no organismo”, esclarece. O período de viremia é de três a cinco dias após a contaminação. “Mesmo que ele estivesse com o vírus, os casos registrados no Brasil não são de febre amarela urbana, as transmissões são restritas a mosquitos silvestres. E ele mora em área urbana. Mas logo que surgiu a suspeita nós fizemos as ações necessárias, como pulverização no bairro e visitas de casa em casa”.
A febre amarela não é transmitida de pessoa para pessoa, apenas por mosquitos, atualmente do gênero haemagogus ou sabethes. Eles picam macacos doentes, adquirem o vírus e os transmitem. Mas se picarem uma pessoa doente podem transmitir para outra. A forma urbana já foi transmitida pelo Aedes Aegypti, mas não há registro dela no País desde 1942. Apesar disso, o departamento de Vigilância Sanitária de Bezerros informa ter intensificado as ações de combate ao Aedes, principalmente próximo à residência do morador. E na segunda-feira técnicos do Estado e município se reúnem.
O PRIMEIRO CASO
O homem que teve a doença confirmada não é vacinado. Ele voltou para Bezerros no dia 4 de janeiro, com febre, vômito e dores abdominais, além de alterações hepáticas, mas sem alteração renal ou hemorragia, que surgem em casos mais graves. A filha também apresentou febre, vômitos e dores abdominais por cerca de cinco dias.
Pai e filha foram atendidos inicialmente em Bezerros e, no dia 25, encaminhados para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), sendo liberados no mesmo dia, mas mantendo-se sob monitoramento. Os exames foram realizados pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará. Mas, a partir da próxima semana, o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE) vai começar a realizá-los, reduzindo o tempo dos resultados.
A SES destaca que também monitora o adoecimento ou morte de primatas não-humanos, principal forma de vigilância da doença. Em 2018, já foram notificadas 15 ocorrências em 13 municípios com 24 óbitos desses animais, mas até o momento nenhum teve confirmação para febre amarela.
Ainda nesta sexta, técnicos da SES, do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde fizeram uma conferência sobre o caso e decidiram, por unanimidade, que ele não exige mudanças nos padrões de recomendação contra a doença adotados por Pernambuco, que não tem o vírus em circulação. “Trata-se de um caso importado, por isso o Estado continua com baixo risco de transmissão da febre amarela", esclarece o secretário de Saúde, Iran Costa. Assim, só deve se vacinar quem for viajar para áreas de risco, pelo menos dez dias antes, e com comprovação de tal viagem.
NO PAÍS
Nesta sexta, o boletim nacional de febre amarela foi atualizado. Já são 464 casos confirmados e 154 óbitos no período de 1º julho de 2017 a 16 de fevereiro deste ano. Ao todo, foram notificados 1.626 casos, dos quais 684 foram descartados e 478 permanecem em investigação. No mesmo período do ano passado, foram confirmados 532 casos e 166 óbitos. Segundo o Ministério da Saúde, 64,5 milhões de doses da vacina já foram distribuídos no País.