Caso importado

Apesar de confirmação de um caso de febre amarela, vírus não circula em PE

Secretaria Estadual de Saúde informa que vacinação continua sendo recomendada apenas para quem for viajar para áreas de risco

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 17/02/2018 às 6:54
Bobby Fabisak/JC Imagem
Secretaria Estadual de Saúde informa que vacinação continua sendo recomendada apenas para quem for viajar para áreas de risco - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O primeiro caso de febre amarela em Pernambuco foi confirmado, nesta sexta, pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Trata-se de um homem de 45 anos, morador de Bezerros, no Agreste, que voltou doente de Mairiporã, em São Paulo, área de risco de transmissão, por isso o caso está sendo tratado como importado e não autóctone, quando a contaminação acontece no próprio Estado. Segundo a SES, ele já está recuperado e sem o vírus transmissor. A filha dele, de 5 anos, que também apresentava sintomas parecidos aos do pai, teve o resultado negativo para a doença, que não é registrada em Pernambuco desde a década de 1930. Ao todo, são quatro notificações no Estado, três já descartadas. 

A gerente do Programa de Vigilância das Arboviroses da SES, Claudenice Pontes, explica que, apesar da confirmação, a febre amarela não circula no Estado e não há motivo para pânico. “É um caso que ocorreu fora. Ele viajou com a família de carro, hospedou-se em um sítio e quando voltou (foi uma semana de viagem) já estava fora do período de viremia, ou seja, sem o vírus no organismo”, esclarece. O período de viremia é de três a cinco dias após a contaminação. “Mesmo que ele estivesse com o vírus, os casos registrados no Brasil não são de febre amarela urbana, as transmissões são restritas a mosquitos silvestres. E ele mora em área urbana. Mas logo que surgiu a suspeita nós fizemos as ações necessárias, como pulverização no bairro e visitas de casa em casa”.

A febre amarela não é transmitida de pessoa para pessoa, apenas por mosquitos, atualmente do gênero haemagogus ou sabethes. Eles picam macacos doentes, adquirem o vírus e os transmitem. Mas se picarem uma pessoa doente podem transmitir para outra. A forma urbana já foi transmitida pelo Aedes Aegypti, mas não há registro dela no País desde 1942. Apesar disso, o departamento de Vigilância Sanitária de Bezerros informa ter intensificado as ações de combate ao Aedes, principalmente próximo à residência do morador. E na segunda-feira técnicos do Estado e município se reúnem.

O PRIMEIRO CASO

O homem que teve a doença confirmada não é vacinado. Ele voltou para Bezerros no dia 4 de janeiro, com febre, vômito e dores abdominais, além de alterações hepáticas, mas sem alteração renal ou hemorragia, que surgem em casos mais graves. A filha também apresentou febre, vômitos e dores abdominais por cerca de cinco dias.

Pai e filha foram atendidos inicialmente em Bezerros e, no dia 25, encaminhados para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), sendo liberados no mesmo dia, mas mantendo-se sob monitoramento. Os exames foram realizados pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará. Mas, a partir da próxima semana, o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE) vai começar a realizá-los, reduzindo o tempo dos resultados.

A SES destaca que também monitora o adoecimento ou morte de primatas não-humanos, principal forma de vigilância da doença. Em 2018, já foram notificadas 15 ocorrências em 13 municípios com 24 óbitos desses animais, mas até o momento nenhum teve confirmação para febre amarela.

Ainda nesta sexta, técnicos da SES, do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde fizeram uma conferência sobre o caso e decidiram, por unanimidade, que ele não exige mudanças nos padrões de recomendação contra a doença adotados por Pernambuco, que não tem o vírus em circulação. “Trata-se de um caso importado, por isso o Estado continua com baixo risco de transmissão da febre amarela", esclarece o secretário de Saúde, Iran Costa. Assim, só deve se vacinar quem for viajar para áreas de risco, pelo menos dez dias antes, e com comprovação de tal viagem.

NO PAÍS

Nesta sexta, o boletim nacional de febre amarela foi atualizado. Já são 464 casos confirmados e 154 óbitos no período de 1º julho de 2017 a 16 de fevereiro deste ano. Ao todo, foram notificados 1.626 casos, dos quais 684 foram descartados e 478 permanecem em investigação. No mesmo período do ano passado, foram confirmados 532 casos e 166 óbitos. Segundo o Ministério da Saúde, 64,5 milhões de doses da vacina já foram distribuídos no País.

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