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Bezerros vai buscar ajuda estadual e federal para atingidos pela chuva

De acordo com levantamento realizado pela prefeitura, 70 famílias foram atingidas pela água

AMANDA RAINHERI
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AMANDA RAINHERI
Publicado em 22/02/2018 às 8:16
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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“A única coisa que me sobrou foi a vida. O resto eu não sei como vai ser.” Com lágrimas nos olhos, Maria Rilda da Silva, 57 anos, olhava ontem para as ruínas do que até o dia anterior era sua casa. A mão e o pé machucados – a agricultora precisou levar nove pontos para fechar o ferimento – insistem em lembrar o pesadelo que ela tenta esquecer. A família de Rilda é uma das 70 afetadas pelas chuvas da última terça-feira no município de Bezerros, Agreste do Estado. Ontem, a prefeitura passou o dia realizando levantamentos para ter ideia do tamanho do problema. Agora, com os números em mãos, a gestão municipal deve procurar ajuda dos governos estadual e federal para atender às necessidades dos moradores.

Pelo menos sete casas precisarão ser demolidas, todas no bairro Irmã Júlia, um dos mais afetados. As famílias, que estão provisoriamente abrigadas nas casas de familiares e amigos, receberão auxílio-aluguel da Prefeitura de Bezerros até que sejam inseridas no programa Minha Casa Minha Vida. O valor da ajuda é de, aproximadamente, R$ 350. Ainda de acordo com o levantamento, outras 30 residências foram atingidas, mas estão em condições de serem habitadas. Aos custos para os cofres municipais ainda se somam os prejuízos em estrutura da própria cidade, como danos ao calçamento.

“Assim que tiver tudo em mãos, vou em busca de ajuda estadual e federal. O governador Paulo Câmara ligou e se colocou à disposição. Por enquanto, só pedimos auxílio com maquinário para limpeza, mas vamos precisar de apoio financeiro”, adiantou o prefeito de Bezerros, Severino Otávio (PSB), conhecido como Branquinho.

Duas horas de chuva foram suficientes para deixar centenas de pessoas sem nada. De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), choveu 95 milímetros em 24 horas no município, sendo 60 milímetros em apenas uma hora. O Rio Ipojuca transbordou, deixando a população ribeirinha desamparada.

A dona de casa Aparecida Lima, 49, estava sozinha com quatro crianças quando a residência, também no bairro Irmã Júlia, foi inundada. “A gente mediu na parede, deu 1,34 metro de água. Como tenho pouco mais de 1,5 metro de altura, fiquei com água até o pescoço. Coloquei os meninos em cima de uma mesa para que eles não se afogassem até chegar o socorro. Foi desesperador. Eles gritavam e diziam que não queriam morrer.” Para ela, retomar a vida será mais um desafio. “Não conseguimos salvar nada. Não temos documentos nem roupas. Até o material escolar do meu filho foi perdido. Hoje (ontem) eu deveria sacar o Bolsa Família, mas sem o cartão não vou conseguir nem pegar o dinheiro.”

Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Enchente na cidade de Bezerros deixa cerca de 30 famílias desabrigadas - Foto: Diego Nigro/JC Imagem

PERDAS

Além de Irmã Júlia, outros bairros foram afetados. Moradora do Rosário, a dona de casa Maria Aparecida da Silva, 50, morou a vida inteira no mesmo local e nunca viu nada semelhante. “Não estamos acostumados com isso. Perdi fogão, geladeira, colchão e parte dos meus móveis. A força da água foi tão grande que a parede rachou. Conto com a solidariedade, porque não tenho condições de comprar nada.”

A prefeitura abrigou as famílias durante a primeira noite no Clube de Assistência Social Nossa Senhora das Dores. No local, todos os atingidos terão três refeições diárias. Além disso, os postos de saúde terão reforço de vacina contra leptospirose, já que a população foi exposta à água suja.

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