VIOLÊNCIA

Praia do Pina amanhece com cruzes fincadas na areia contra violência

O ato 'Pernambuco Chora Sangue' faz crítica ao número de homicídios registrados em Pernambuco e à violência. Até esta sábado, foram 1.061 pessoas mortas

JC Online
Cadastrado por
JC Online
Publicado em 24/03/2018 às 10:30
Foto: Clarissa Siqueira/TV Jornal
O ato 'Pernambuco Chora Sangue' faz crítica ao número de homicídios registrados em Pernambuco e à violência. Até esta sábado, foram 1.061 pessoas mortas - FOTO: Foto: Clarissa Siqueira/TV Jornal
Leitura:

A Praia do Pina, na Zona Sul do Recife, amanheceu com mais de mil cruzes pretas fincadas na areia, neste sábado (24).  O ato “Pernambuco Chora Sangue” é organizado pelo Movimento PE de Paz e faz referência às mortes registradas no Estado apenas este ano.

As cruzes marcam o número de pessoas assassinadas em Pernambuco nestes primeiros meses de 2018. A segunda edição do ato conta com o apoio de mais de 40 organizações sociais e instituições religiosas pernambucanas.

Os manifestantes denunciam a violência e pedem transparência da Secretaria de Defesa Social do Estado (SDS) na apresentação dos dados relacionados aos assassinatos registrados.

O pastor José Marcos da Silva, que faz parte da organização do ato, diz que é necessário que toda a sociedade lute junta contra a violência. “Mesmo que a gente saiba que a violência atinge mais diretamente a um status social e esse povo tem cor, sexo e mora num canto só, nesse caso periferias, jovens, masculinos, negros e de classes sociais mais inferiores, ela é um problema comum”, comenta.

Durante o ato também acontecem apresentações artísticas e abordagem em semáforos.

De acordo com uma apuração realizada pela Rádio Jornal, 1.061 pessoas foram mortas até este sábado em Pernambuco. Deste total, 482 foram na Região Metropolitana do Recife e outras 579, no interior do Estado. 

Edição anterior

No ano passado, os manifestantes fincaram 1.116 cruzes de madeira na Praia do Pina. Esse número representou, segundo os organizadores do ato, a quantidade de vítimas de homicídios em Pernambuco do início do ano até meados do mês de março de 2017. Assim como este ano, ideia era cobrar do poder público a adoção de medidas que diminuam a insegurança.

Nota

No início da noite deste sábado, a SDS divulgou a seguinte nota sobre a manifestação:

A SDS informa que combate a criminalidade e investiga todos os CVLIs com a máxima dedicação e emprego da técnica. Só em 2017, 2,5 mil homicidas foram capturados pelas polícias em PE, ajudando a reduzir os números não só de homicídios, mas de crimes contra o patrimônio em todo o Estado desde o segundo semestre do ano passado.

Em setembro de 2017, o efetivo das polícias começou a receber uma série de reforços, totalizando 6 mil servidores incorporados às polícias Militar, Civil e Científica, como também ao Corpo de Bombeiros Militar.

É importante deixar claro que as mortes em Pernambuco são provocadas pela ação de grupos criminosos motivados, em 75% dos casos, pela disputa do tráfico de drogas e outras atividades criminais. A SDS acrescenta que realiza um conjunto de ações comunitárias e preventivas visando o combate ao racismo e a proteção de população jovem das periferias do estado.

Sobre a divulgação dos dados, é importante esclarecer que, desde o ano passado, a SDS ampliou o banco de estatística para consulta pública em seu site, dando maior transparência à divulgação de dados e informações sobre a segurança pública.

Todo dia 15 de cada mês, são colocados à disposição de toda a sociedade não apenas números de homicídios, como era feito anteriormente, mas também as motivações e locais das ocorrência, além de dados sobre as diversas modalidades de crimes contra o patrimônio, violência doméstica e estupro. Foi por essa iniciativa da SDS que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública colocou Pernambuco entre os Estados com maior transparência e confiabilidade na disponibilização de dados sobre segurança. Essas informações são divulgadas e estão à disposição, inclusive em recortes mais específicos, a partir de solicitação da população à Ouvidoria da SDS ou por meios da Lei de Acesso à Informação (LAI). A SDS tem o perfil das vítimas e atua com base nisso para traçar estratégias de enfrentamento.

Últimas notícias