Aquecendo os preparativos para o grande arraial, cerca de 30 quadrilhas se apresentaram no evento pré-junino, organizado pela Federação de Quadrilhas de Pernambuco, no Clube Português, na Zona Norte do Recife. No domingo das mães (13), ao longo das apresentações, que começaram às 14h e terminaram no fim da noite, mais de 10 mil pessoas acompanharam um show de criatividade e muita dança ao longo do dia. O encontro entre quadrilhas faz parte da preparação para o Concurso de Quadrilhas Juninas, realizado pela Prefeitura do Recife, entre os dias 13 e 30 de junho, no Sítio Trindade e nas duas unidades do Compaz, no Alto de Santa Terezinha e no Cordeiro.
O vice-presidente da Liga das Quadrilhas Juninas do Recife, Roberto Carlos Gomes, explicou que este é um grande momento para firmar a torcida. “O pré-junino é a abertura do ciclo junino. É muito importante por ser a hora em que todas as quadrilhas se encontram para mostrar à plateia o que vem nos próximos dias”, situa. Na final do concurso, as cinco melhores quadrilhas são premiadas com R$ 13 mil; R$ 9 mil; R$ 7 mil; R$ 6 mil; e R$ 5 mil, respectivamente.
Uma mistura cultural
Entre as mais diversas, Flor do Cangaço foi marcada pela modernização do repertório preparado especialmente para o ensaio. A apresentação foi iniciada com a adaptação da música “Cheguei”, da cantora Ludmilla. Durante a dança, os bailarinos caminharam por “Bota pra Ferver”, do grupo Asa de Águia, “Poeira”, da cantora Ivete Sangalo, e “Vem Quente Que Eu Estou Fervendo”, de Erasmo Carlos. A marcatriz (responsável por guiar a quadrilha), Lavínia Sousa, conta que, este ano, foi escolhido um tema imaginário para o grande dia: “‘Noites de São João no meu sertão’ será uma grande brincadeira. Nossa quadrilha é diferente por isso. Queremos brincar, ao invés de concorrer entre outras”.
As fantasias foram um espetáculo à parte. Além de muito tule, como já é de praxe, os vestidos das damas da quadrilha Menezes na Roça ganharam luzes de led. “Acredite: tudo tem seu tempo” foi o tema escolhido para esta edição. Segundo a fundadora e diretora, Cristiane Menezes, o figurino fica por conta da coreógrafa Ana Paula e dos bailarinos, Cleryston e Jefferson. Este trabalho já completa 20 anos e abrange bem mais do que arte. “Muitas crianças que chegam até a nossa quadrilha não tem uma base educacional ou perdem tempo usando drogas. Quando a preparação começa, seis meses antes do evento, é o tempo que temos para regenerar ou conseguir diminuir um desafio que eles enfrentam todo os dias”, explica Cristiane.
A mãe do amor, Oxum, e o senhor da justiça, Xangô, foram homenageados pela quadrilha Origem Nordestina. Com o tema “Rainha: o casamento de Oxum”, o bailarino Otávio Kevin Freitas explica que que a dança fala de amor: “A mensagem desse tema é a quebra de barreiras, vencer preconceitos para que as pessoas possam olhar a religião de uma forma melhor”. Durante a apresentação, a marcatriz da quadrilha fez um discurso defendendo a causa e a igualdade entre povos. “Sou mulher, sou negra, sou marcatriz. Em mim corre o mesmo sangue que em todos os brasileiros, ainda que não queiram aceitar”, defendeu. Quanto ao figurino para o grande dia, pode-se esperar muita renda e toda reverência aos orixás.