O corpo do estudante e capoeirista José Ernesto Ferreira da Silva, de 18 anos, morto em decorrência de um ataque de tubarão, no último domingo, chegou há pouco à casa da avó, no bairro de Santo Aleixo, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, onde familiares e amigos o aguardavam desde a tarde, espalhados pelas calçadas, para dar início ao velório do jovem que tantos gostavam. José Ernesto será enterrado na tarde desta terça, no Cemitério da Saudade, em Jaboatão.
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Nas longas horas de espera, a dor da perda ficava ainda mais forte a cada comentário maldoso postado nas redes sociais, ironizando com o fato de ele ter mergulhado no ponto de maior registro de ataques de tubarão. “As pessoas brincam com a dor dos outros. Mas a gente nunca acha que vai acontecer com a gente”, lamentava o estudante Paulo Víctor, de 14 anos, que estava junto com José Ernesto e outro amigo, José Roberto, 17, no momento do incidente. Ele contou que todos tomaram banho depois foram para a areia e, na hora de ir embora, José Ernesto os chamou para dar um último mergulho.
“A gente não quis e ele foi sozinho. Começou no raso, mas depois foi nadar. De repente eu vi como se algo o puxasse, pensei que era a onda, mas aí a água ficou toda vermelha e eu gritei: o tubarão pegou Neto! Os bombeiros já tinham corrido para socorrer ele. Foi uma cena horrível. Era tanta criança gritando. E no meio disso tudo um homem filmando e tirando onda”, relatou Paulo, indignado.
REDES SOCIAIS
Quando Paulo ligou para o irmão do amigo para dar a notícia, o vídeo já tinha se espalhado pelas redes. “As pessoas não pensam na família, nos amigos, em quem está sofrendo”, criticou o estudante Everson Oliveira, 22, amigo de infância de José Ernesto. “Estamos preparando um ato para chamar a atenção das autoridades, é preciso proibir o mergulho em frente à Igrejinha de Piedade”, avisou. O MC Bruno Tenório, 19, chegou a fazer um rap para o amigo, pedindo consolo à família. Todos diziam que iam lembrar do jovem como uma pessoa boa, brincalhona, que adorava a natureza e aventura e ajudava todo mundo.