Pelo sexto mês consecutivo, Pernambuco vem mantendo uma queda no número de homicídios, mas ainda está longe de chegar aos índices obtidos nos melhores anos do Pacto pela Vida (PPV). Com 355 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em maio, o Estado contabiliza 1.944 assassinatos nos cinco primeiros meses do ano, uma média de 12,8 por dia. Embora represente uma redução de 22,19% em relação ao mesmo período do ano passado, o número continua mais alto do que em anos anteriores, chegando a ser 43,5% maior do que em 2013, o melhor ano do Pacto, com 1.355 homicídios entre janeiro e maio. Comparando a 2014, o aumento é de 34,5%, a 2015, 20% e a 2016, 13,6%.
Em balanço divulgado ontem, a Secretaria de Defesa Social (SDS) salienta que maio empatou com abril, sendo 355 CVLIs o menor número em 22 meses e representando uma redução de 22,49% em relação a maio de 2017, que teve 458 mortes. “Ainda estamos distante de onde queremos chegar, mas com certeza estamos no caminho certo”, observa o secretário-executivo do órgão, Humberto Freire. “Dos 185 municípios pernambucanos, mais de metade (95) não registrou CVLI no mês e 70 tiveram queda, mas ainda há muito a ser feito”.
O índice de mortes caiu em todas as regiões do Estado. E o resultado é creditado aos investimentos no setor. O gestor lembra que foram contratados mais de 5,8 mil policiais, criados novos batalhões e delegacias, adquiridos novos equipamentos e veículos e que o orçamento para 2018 prevê R$ 5 bilhões para a área, o maior desde a criação do PPV. “Entre janeiro e maio, 781 homicidas e 2.260 armas foram retirados das ruas, então o resultado não vem de uma medida, mas de um conjunto de ações”, destaca Freire.
TRÁFICO DE DROGAS
O secretário ainda destaca que 73,8% dos assassinatos em maio (262) foram motivados pelo tráfico de drogas, acerto de contas e outras atividades criminais. “Por isso ampliamos o número de delegacias especializadas no tráfico de três para 12, a fim de atingir o CVLI na origem. E estamos vendo redução dos homicídios e aumento nas apreensões. Só de janeiro a março deste ano, apreendemos 104 quilos de cocaína contra 38 quilos no mesmo período do ano passado”.
FOCO NO MELHOR
A socióloga Edna Jatobá diz que reconhece a dinâmica de redução. “Mas ela ocorre em comparação ao pior ano que Pernambuco viveu em relação a CVLI, com 5.426 mortes, então, se não houvesse redução a situação da segurança pública hoje no Estado já teria passado da fase da barbárie atual”, afirma. “A gente tem que pautar uma política de segurança com foco no melhor cenário que já se teve, para sabermos o quanto estamos nos aproximando dele”.
Coordenadora-executiva do Gabinete de Assistência Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna defende mais transparência com os dados e mudanças no sistema prisional para ressocializar de fato os presos. E diz que é preciso avaliar quanto se tem investido em repressão e em prevenção. “É preciso saber como se pretende sustentar esses números. Se for apenas pensando nas ações repressivas vamos ter respostas rápidas que vão durar muito pouco tempo, como já aconteceu em outros momentos do Pacto”.