Ciclo Junino

São João e Xangô se encontram no Sítio Trindade

Nesta quarta-feira (20), quadrilhas juninas dividiram o espaço com celebrações de matriz africana

JC Online
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Publicado em 20/06/2018 às 23:05
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Nesta quarta-feira (20), quadrilhas juninas dividiram o espaço com celebrações de matriz africana - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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O católico São João e o orixá Xangô, seu correspondente no sincretismo religioso, se encontraram no Sítio Trindade, Zona Norte do Recife, na noite desta quarta-feira (20). No local, o sexto dia de eliminatória do 34º Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas dividiu espaço com a 12ª Exposição da Culinária Afro-Brasileira.

Representando as religiões de raízes africanas, dez expositores levaram ao Sítio pratos como o gbègìrì, o predileto de Xangô, que inclui ingredientes como quiabo, camarão e azeite de dendê.

Além da degustação gratuita dos alimentos, houve cânticos e também danças de matriz africana. Em um dos momentos, os participantes se reuniram em volta do fogo para a Celebração à Divindade Sàngó. De acordo com a Mãe Elza de Iemanjá, do Terreiro Ilé Àse Egbé Awo, a adoração ao fogo é uma das práticas que aproximam as religiões de matriz africana do catolicismo.

"Xangô é uma divindade de matriz africana como tantas outras adoradas no mês de junho que, na verdade, tem costumes um pouco similares [com o catolicismo] como adoração ao fogo. A fogueira é muito representativa no São João e Xangô está representado pelo fogo através dos trovões e dos raios. A comida com fartura também é muito das duas divindades", explica.

Ainda segundo Mãe Elza de Iemanjá, o sincretismo continua muito forte em crenças como a umbanda, "mas com grande entendimento do que é um santo cristão e do que é um orixá". "No período de escravidão, os negros entenderam que com a religião cristã predominando, a deles jamais seria aceita. Eles precisavam manter a fé para continuarem vivos, sincretizar foi uma coisa muito importante naquela época", afirma.

Quadrilhas

No Palhoção das Quadrilhas, cinco grupos se apresentaram. Com o tema “A Festa do Homem da Meia Noite, na Noite de São João”, a Junina Matutinho, de Goiana, abriu a noite de apresentações misturando forró e frevo. Segunda quadrilha da noite, a Flor da Sulanca levou o tema “Babado, Fuxico e Forró”. Em seguida, a Junina Traquejo, de Gravatá, no Agreste, homenageou artesãos pernambucanos que fazem brinquedos com o tema “De Pau e Pano”.

A Beija Flor celebrou o São João, festa da colheita, que se traduz em fartura e alegria, com o tema “De Cabo a Rabo”. A noite de apresentações chegou ao fim com a Junina Dona Matuta, de San Martin, na Zona Oeste do Recife, que passeou pela Feira de Caruraru com o tema “De Tudo que Há no Mundo”.

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