SOLIDARIEDADE

Refugiados em Pernambuco precisam de doações para reconstruir a vida

Roupas, alimentos, materiais de higiene e até moveis e eletrodomésticos podem ser doados

AMANDA RAINHERI
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AMANDA RAINHERI
Publicado em 05/07/2018 às 8:37
Foto: Felipe Ribeiro/ JC Imagem
Roupas, alimentos, materiais de higiene e até moveis e eletrodomésticos podem ser doados - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/ JC Imagem
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Uma chance de recomeço. Assim os 69 refugiados venezuelanos que chegaram a Pernambuco na última terça-feira encaram a oportunidade de viver em terras brasileiras. As 18 famílias abrigadas em Igarassu, no Grande Recife, conhecem de perto a pobreza e agonia de não ter o que dar aos filhos para comer. Mas isso faz parte do passado. Agora, um novo sentimento ilumina os semblantes: a esperança. Para reconstruir a vida, no entanto, eles precisam de uma verdadeira corrente do bem.

Roupas, alimentos, materiais de higiene, fraldas descartáveis, utensílios para o cuidado de bebês, móveis e eletrodomésticos. Toda ajuda é bem-vinda. “Essas pessoas, na medida em que forem saindo da ONG, irão precisar de uma estrutura. Tudo o que a população puder doar será de grande ajuda. O brasileiro é muito solidário e acolhedor. É importante que nos auxilie nesse momento”, apela Sérgio Marques, subgestor nacional das Aldeias Infantis SOS Brasil, onde as famílias ficarão hospedadas pelos próximos seis meses.

As despesas serão financiadas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). “Fizemos a proposta de acolhimento por seis meses. É o tempo que vamos trabalhar para que as famílias tenham autonomia e busquem seus próprios espaços. Iremos oferecer, a partir da próxima semana, aulas de língua portuguesa. Além disso, eles serão incluídos nos nossos programas de empregabilidade e reforço escolar. As famílias deixarão as Aldeias, mas serão acompanhados por mais seis meses”, explica o gestor da ONG.

Dos 69 refugiados, 35 são mulheres e 34 são homens. Entre eles estão 36 crianças e adolescentes em idade escolar. “Direcionaremos esses alunos para professores que dominam a língua, para que a inserção possa acontecer. As crianças e adolescentes devem ser encaminhadas, preferencialmente, para a mesma instituição”, explicou o prefeito de Igarassu, Mário Ricardo. Segundo ele, o município soube da chegada dos venezuelanos poucos dias antes, mas já está se preparando para acolher os imigrantes. “A Secretaria de Saúde já esteve na ONG para saber como anda o quadro de saúde de cada um. Também mobilizamos outras pastas, como a de Políticas Sociais. A prefeitura está colhendo nossos irmãos em um momento difícil, mas com responsabilidade”, garantiu.

Um levantamento está sendo realizado pela instituição para identificar as áreas de atuação de cada um dos imigrantes. A ONG também deve contar com a ajuda de parceiros para oferecer capacitações aos venezuelanos, a fim de que possam entrar para o mercado de trabalho.

Nas sete casas das Aldeias Infantis, no Centro de Igarassu, os refugiados foram organizados nos núcleos familiares. Cada sobrado tem quatro quartos e três banheiros. Eles abrigam, no máximo, 10 pessoas. Para Jonard Mendoza, que buscou refúgio junto à esposa, esta é a chance de uma nova vida. “Saímos de dormir no chão para dormir em colchonetes e, agora, em colchões. Também podemos cozinhar a nossa própria comida”, comemorou. O sonho agora é trazer os filhos de 6 e 8 anos para morar com eles no Brasil. Eles estão sob os cuidados da avó na Venezuela.

INTERIORIZAÇÃO

A vinda faz parte de um acordo entre o Governo do Estado, a Secretaria Nacional da Casa Civil e o Comitê Federal de Assistência Emergencial, criado para traçar estratégias para a interiorização dos imigrantes. Além dos 69 refugiados em Igarassu, 45 foram encaminhados para Conde (PB) e outros 50 para o Rio de Janeiro (RJ). Em etapas anteriores, venezuelanos foram levados para Cuiabá (MT), Manaus (AM) e São Paulo (SP).

Quem não puder doar, mas quiser ajudar, pode participar do programa de apadrinhamento afetivo. “O objetivo é fazer com que as pessoas venham até aqui para conversar e criar laços, oferecendo apoio para as famílias. Isso será feito através do nosso serviço social, com cadastro e em comum acordo com as famílias”, detalhou Sérgio Marques.

Informações podem ser obtidas através do telefone: 3543-3898.

AS FAMÍLIAS

Reinaldo Diaz, 45 anos, a esposa Genesis Diaz, 19, e a filha Reigeles Valentina, de um ano e sete meses, estão no Brasil desde o início do ano. Na Venezuela, ele trabalhava como pedreiro e ela como ambulante. Mas a situação começou a complicar em 2016, justamente na época em que a bebê nasceu. “Quando não tinha dinheiro, ou ela comia ou a gente”, conta Genesis. Quando deixaram o País, dormiram por duas semanas nas ruas de Roraima, até conseguirem abrigo. “Esperamos agora um novo futuro, um novo trabalho. Nem tanto pela gente, mas pela nossa filha”, sonha a mãe.

 Gustavo Navarro, 23 anos, passou dois meses em Roraima antes de se mudar com a esposa e os três filhos – de 7 anos, 3 anos e 5 meses de idade – para Igarassu. Mecânico de formação, ele espera conseguir um emprego e dar uma vida melhor para a família. “Na Venezuela, faltava tudo. Não tinha alimentação, saúde ou emprego. O salário do mês só comprava um pouco de frango, arroz e macarrão. Não sobrava mais nada”, lembra. Voltar para o País de origem não faz parte dos planos próximos. “Quero viver no Brasil”, conta. 

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