URBANISMO

Desenhos em calçada da Academia Pernambucana de Letras são restaurados

Figuras foram feitas pelo arquiteto Geraldo Santana, um dos vencedores de um concurso realizado pela prefeitura em 1969. Restauro foi executado pela gestão municipal, por meio da URB

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 10/08/2018 às 9:58
Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
Figuras foram feitas pelo arquiteto Geraldo Santana, um dos vencedores de um concurso realizado pela prefeitura em 1969. Restauro foi executado pela gestão municipal, por meio da URB - FOTO: Foto: Bobby Fabisak / JC Imagem
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Em 1969, um concurso realizado pela Prefeitura do Recife instigou arquitetos a fazerem desenhos para serem reproduzidos nas calçadas da cidade. Um dos vencedores foi o arquiteto Geraldo Santana. Quase 50 anos depois, um dos passeios públicos que têm figuras projetadas por ele, na Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, Zona Norte, acaba de ser restaurado pela gestão municipal, preservando a memória arquitetônica e a identidade urbana.

Está no planejamento da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), responsável pela obra, restaurar outras calçadas com desenhos vencedores desse mesmo concurso (o projeto é mais amplo, abrange 114 ruas e 12 largos, e não se restringe apenas aos passeios públicos que têm figuras). A Rua da Aurora, no Centro, que abriga traços do primeiro colocado no certame (Henri Cole), será uma das contempladas, assim como os canteiros centrais da Avenida Mário Melo.

Nesses espaços, a pedra granítica será substituída pela pedra mineira. “Fiquei satisfeito com o resultado na Academia Pernambucana de Letras e achei bem pertinente. Mas não revela, infelizmente, maior conscientização e cuidado com as calçadas de Recife. Há buracos, imperfeições. Pessoas mais velhas, grávidas, têm dificuldade de andar na cidade”, comenta Geraldo Santana.

Para se inspirar, lá no fim da década de 60, o arquiteto passeou por calçadas recifenses e pesquisou bastante. A técnica de desenhos em mosaico foi trazida pelos portugueses, que usaram pedras vindas nos lastros dos navios. “Os desenhos em calçadas são práticas muito antigas, remontam à Roma. Em Portugal, as pedras brancas são de calcário e as pretas de balzato”, explica o arquiteto.

“A inspiração para minha série de desenhos foi a flor de lis, que já aparecia nas calçadas recifenses”, conta. Ele juntou dois elementos da flor (uma fechando em botão e outro da ponta da folha), formando várias sequências geométricas. Calçadas das Praças Oswaldo Cruz (na Boa Vista), Arsenal da Marinha (Recife Antigo) e de Casa Forte (bairro de mesmo nome) mantêm desenhos de Geraldo Santana, que é também urbanista.

Como as figuras passaram a ser de domínio público, prédios residenciais aproveitaram os traços do arquiteto para seus passeios públicos. Um deles é o edifício Maria Clara, cujas calçadas ficam na Avenida Agamenon Magalhães e na Rua Luiz da Silveira Barros, no Espinheiro.

“A calçada do Geraldão (na Imbiribeira) foi uma das primeiras a receber meus desenhos”, conta. No Centro, as Ruas Nova e Duque de Caxias perderam as figuras feitas pelo arquiteto após a troca das pedras pelo piso intertravado (no início dos anos 2000).

PROGRAMAÇÃO

A entrega da nova calçada da Academia Pernambucana de Letras faz parte de uma programação especial, segunda-feira (13). A partir das 15h, haverá duo pianístico de Elyanna Caldas e Maria Clara Fernandes em homenagem ao Dia dos Pais, com lançamento do jornal eletrônico APL em Poesia & Prosa.

“A calçada recuperada com os desenhos valoriza ainda mais o conjunto arquitetônico. É ótimo porque vamos reabrir o museu em setembro”, ressalta a presidente da APL, Margarida Cantarelli.

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