Carnaval de Olinda

Virgens do Bairro Novo tiram onda até de crise sanitária

Aedes, dengue, zika e, como sempre, política, foram alguns dos temas do desfile que é puro escracho

Do JC Online
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Publicado em 31/01/2016 às 21:21
Foto: Tato Rocha/JC Imagem
Aedes, dengue, zika e, como sempre, política, foram alguns dos temas do desfile que é puro escracho - FOTO: Foto: Tato Rocha/JC Imagem
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Um Aedes aegypti fêmea sofisticado, todo de rosa, a fim de transmitir a zika. Outro equipado com uma carga explosiva de aguardente para vencer a dengue. A presidente Dilma Rouseff crucificada e acompanhada de Graça Foster, da esposa de Eduardo Cunha e de uma retirante nordestina cobrando o pagamento atrasado do Bolsa Família. Deusas greco-romanas saudando as Olimpíadas no Rio de Janeiro. Essas foram algumas das divertidas figuras no desfile das Virgens do Bairro Novo, ontem, em Olinda. Já no Sítio Histórico, a farra regada a frevo foi com a Troça Tá Maluco, de manhã, e Ceroula, no fim da tarde.

O concurso das virgens reuniu 283 homens vestidos de mulher. Animados, eles transformaram a Praça 12 de Março, em Bairro Novo, numa passarela para muito brilho, plumas, batom, salto alto, roupas coladas e passinhos ensaiados. Envolvido em um mosquiteiro e desinfetando os foliões com repelente, o motorista Adalberto Ramos Silva, 51 anos, virou Zefinha, uma combatente do Aedes aegypti. “Tem que brincar mas não dá para vacilar. O mosquito pode picar todo mundo, menos eu, que estou protegida”, afirmou a personagem Zefinha. 

Djalma Layme Júnior, 45, era o Aedes aegypti cor de rosa em busca de uma picada. “Sou virgem, quero encontrar um mosquito para me picar”, brincou Djalma, há 27 anos participante do bloco. O aposentado Paulo Pessoa, 61, descobriu uma arma para evitar a dengue. “O mosquito gosta de água parada. A nova armadilha para pegá-lo é uma carga de aguardente”, garantiu.

Uapuan Florêncio, 39 Carnavais brincados nas Virgens do Bairro Novo (são 57 de vida), criticou o desperdício na Casa da Moeda do Brasil nos governos de Fernando Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma. “É um País sem vergonha desperdiçar tantas moedas que saem logo de circulação. Dinheiro sem valor e que vai para o lixo”, comentou Uapuan, que carregava um saco cheio de moedas antigas. Vez por outra ele jogava dezenas no chão. 

Os amigos Warlinton Miguel, Armando Fernandes, Arnaldo Braga, José Edson e José Roberto Silveira também aproveitaram o bloco para criticar a atual gestão presidencial. Eles contaram que é a terceira vez que usam a presidente Dilma como mote para as fantasias. “Votei nela mas não dá para aceitar o que está acontecendo no Brasil”, disse Warlinton, vestido de Dilma e carregando malas de dinheiro. Numa brincadeira, um outro desfilante vestido de gari colocou a “presidente-personagem” literalmente na lata do lixo.

Menos ácidos, um grupo de 14 rapazes relembrou os anos 60 com roupas de bolinhas coloridas e performance ensaiada por uma semana. Eram os “ânus dourados”. Teve dança com músicas que foram sucesso na época como Banho de Lua e Biquíni de Bolinha Amarelinha. “Pensei na coreografia e ensaiei com eles por uma semana, todos os dias. Foi muito divertido”, relatou Juliana Nascimento, esposa de um dos rapazes.

Depois que o concurso acabou, por volta do meio-dia, a Avenida Getúlio Vargas foi tomada pelos foliões. Dez trios elétricos animaram a farra que só acabou no início da noite na beira-mar de Olinda. Banda Pinguim e Som da Terra, duas das atrações convidadas, garantiram o frevo. De fora vieram os cantores Naldo Benny e Rayany Steffany, que agradaram o público.

CIDADE ALTA

A Troça Tá Maluco fez seu 34º desfile pelo Sítio Histórico e atraiu muitos foliões vestidos de azul, a cor da agremiação. A festa terminou com um refrescante banho de carro pipa. À tarde o Ceroula provou a fama de que tem a melhor orquestra do Carnaval. Quem acompanhou o bloco pelas ladeiras de Olinda se esbaldou, sem lembrar que ainda faltavam sete dias para o Sábado de Zé Pereira.

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