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Bloco 'Os Barba', do Poço da Panela, dá uma guinada e volta às origens

Os Barba vai rolar como no início dos anos 2000, diz Samarone Lima, jornalista, escritor e um dos fundadores da brincadeira que ficou super famosa

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Publicado em 27/01/2017 às 14:40
foto: Samarone Lima/divulgação
Os Barba vai rolar como no início dos anos 2000, diz Samarone Lima, jornalista, escritor e um dos fundadores da brincadeira que ficou super famosa - FOTO: foto: Samarone Lima/divulgação
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Como a maioria das troças e blocos recifenses, Os Barba (é isso mesmo, sem "s") surgiu em 2002 de uma brincadeira despretensiosa entre amigos da Zona Norte do Recife. A prévia deste ano será no dia 18 de fevereiro, no mesmo lugar de sempre, no Poço da Panela, na Zona Norte do Recife. E, como a cada ano aparece mais gente, em 2017 os fundadores decidiram ir no sentido contrário.

"Não vamos engolir essa corda de mania de grandeza. Vamos fazer Os Barba no estilo do início. É uma volta radical às origens mesmo. Os mesmos dois panelões de feijoada, um garrafão de 20 litros de Pitú, a mesa de frutas, a orquestra, as cerca de 200 camisas pintadas por vários amigos artistas, a coroação do rei, etc. O estandarte, por exemplo, some após todo desfile - e reaparece não sabemos como", brinca o escritor e jornalista Samarone Lima, um dos fundadores da brincadeira.

A prévia só acontece no sábado que antecede o Carnaval. Não há desfile ou festas em clubes, cada um vai curtir a festa ao seu modo. Atualmente, a multidão que chega ao Largo do Poço nessa época só comprova que Os Barba consagrou-se como uma das maiores prévias de rua do Carnaval do Recife.

"A troça não sai do Poço da Panela, mas fazemos nossa pequena volta olímpica. A orquestra sai da venda de Seu Vital, vai até o campinho de Seu Abdias, dentro da comunidade, e volta. É como uma saudação. Já teve ano que não saiu, porque os integrantes já tinham tomado todas e esqueceram. Mas isso acontece, porque somos bem desorganizados. Isso é bom, porque muita gente acha que o Poço só vai até a venda de Seu Vital, e tem uma enorme comunidade na beira do rio", diz Sama.

"Tem hora que nem entendo como essa brincadeira ficou desse tamanho. O que me parece mais importante é não tirar o caráter anárquico da história toda. O brincar. A palavra 'diretoria' é algo que não faz o menor sentido na troça e nunca vingou. É uma festa, uma celebração, como deve ser o Carnaval", conta Samarone.

História

Em entrevista ao PorAqui, ele relembra como tudo começou: "Éramos uns poucos gatos pingados barbudos e inventamos de fundar uma troça, tomando umas cervas no bar de Seu Vital (em frente à Igreja do Poço). Fiz a ata, assinamos e, meia hora depois, chegou uma Kombi defronte à Igreja do Poço. Um maestro desceu com uns 12 músicos, veio em nossa direção e perguntou o seguinte: 'São vocês que pediram uma orquestra?'. Respondemos que 'sim'".

A história é bem mais longa que isso e super divertida, mas o fato é que os amigos pagaram um lanche à banda em Seu Vital e saíram desfilando pelas ruas do Poço de uma forma comovente. "Três ou quatro gatos pingados e uma orquestra maravilhosa, que tinha vindo de Timbaúba, tocando freneticamente", lembra Sama.

Dono da Kombi da fundação, o estimado Naná (à esq. na foto abaixo) sempre é a pessoa que garante o essencial. "Ele é o coração da história toda, porque é um ser humano incansável. Fica na Kombi dele pra cima e pra baixo, arranja decoração, organiza a feijoada, mobiliza os amigos da comunidade, organiza os barraqueiros, etc", explica Samarone.

Tudo nasceu ali na calçada de Seu Vital e vai continuar. O hino de Lula Terra resume tudo o espírito da troça:

“Barba já´chegou ôôô
Animando o Carnaval
Barbas a todo vapor
Sai da venda do Vital”

“Tem barbudo inteligente
ôôô
Jornalista e operário
ôôô
Tem o barba boa gente
Mas tem barba que é otário...”

'Os Barbinha'

Todos os anos, um dia após o bloco 'Os Barba', é a vez dos pimpolhos da comunidade do Poço da Panela fazerem a sua farra. Por isso, em 2017, Os Barbinha continua no dia 19 de fevereiro, graças à raça de Naná, o eterno coordenador geral da Troça, junto com a comunidade local.

É a festa da meninada do Poço da Panela, que geralmente encontra-se com outros bloquinhos, no Largo do Poço, com a mesma orquestra dos Barba. O mais legal disso tudo é que a farra dos pequenos tem um cunho social: todo o valor que por acaso sobrar da venda de camisas ou algum patrocínio é revertido sempre em algo para a comunidade. 

As fotos são de Robson Sena.

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