Carnaval Carioca

Blocos do Rio de Janeiro desfilam com críticas políticas

Tradicional bloco do carnaval do Rio de Janeiro, o 'Simpatia É Quase Amor' arrastou multidão neste domingo

Agência Brasil
Cadastrado por
Agência Brasil
Publicado em 11/02/2018 às 19:02
Vladimir Platonow/Agência Brasil
Tradicional bloco do carnaval do Rio de Janeiro, o 'Simpatia É Quase Amor' arrastou multidão neste domingo - FOTO: Vladimir Platonow/Agência Brasil
Leitura:

Um dos blocos mais tradicionais do Rio, que desfila desde 1985 pelas ruas de Ipanema, o Simpatia É Quase Amor arrastou uma multidão neste domingo (11) de céu azul e calor de 35 graus centígrados, com sensação térmica superior. A agremiação que se notabilizou pelo bom humor e pelas críticas políticas, não fez diferente este ano.

Com a música Samba da Adivinhação, ironizando o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella, o Simpatia protestou contra a postura oficial com o carnaval carioca, que este ano recebeu menos verbas oficiais do que em edições anteriores. Segundo a prefeitura, isso aconteceu por causa da crise econômica no estado e no município.

Em seu estandarte, o bloco mostrava a verve irônica e bem humorada: “Simpatia É Quase Amor saúda a imprensa escrita, falada e televisada, o povo em geral, e pede passagem ou vale-transporte”. Polêmicas e brincadeiras à parte, os milhares de foliões não se importaram nem com a temperatura alta nem com a reduzida presença de policiais, que dava sensação de insegurança ao longo do trajeto, e se divertiram o tempo todo.

Como em todos os anos, a saída foi a Praça General Osório, para depois seguir pela praia de Ipanema. Entre as músicas tocadas, não faltaram as polêmicas e – segundo alguns – politicamente incorretas Cabeleira do Zezé, Maria Sapatão e Mulata Bossa Nova. Cantadas em tom de brincadeira e bom humor, as canções pareciam não ofender aos presentes, que estavam mais interessados em se divertir e namorar. Afinal, como diz o nome do bloco: simpatia é quase amor.

Homenagens a Cazuza e Raul Seixas

O carnaval de rua do Rio também contou com homenagens ao rock brasileiro neste domingo (11). Em seu sétimo carnaval, o Toca Rauuul! , que reúne milhares de pessoas para curtir o repertório do lendário Raul Seixas (1945-1989) tem, desde o ano passado, a companhia no local do Bloco Exagerado, que reverencia outro ícone do rock brasileiro, Cazuza (1958-1990).

O Toca Rauuul!, resultado da diversidade de gêneros musicais que há alguns anos começou a despontar no carnaval carioca, surgiu no carnaval de 2011, durante uma apresentação do Sargento Pimenta, bloco que sai na segunda-feira de carnaval tocando exclusivamente o repertório dos Beatles. Frequentadores desse e de outros blocos alternativos, um grupo de amigos resolveu criar um dedicado ao repertório de Raul Seixas.

“O nome veio naturalmente, porque esse grito, 'Toca Rauuul! já existia muito antes da gente pensar no bloco”, conta Emilio Rangel, um dos fundadores. Trata-se de um bordão que ninguém sabe ao certo como começou e que passou a ser repetido em shows pelo Brasil afora, até virar em 2007 tema de uma música do cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro.

Na verdade uma banda de rock, que de um palco armado na praça faz mais de duas horas de show, o Toca Rauuul! nos últimos anos já transcende o carnaval, realizando shows em várias cidades do país ao longo do ano. “Mas o nosso trabalho tem mesmo cara de carnaval. Assim como o próprio Raul, que misturava rock com baião e outros gêneros, a gente também mistura o rock com os vários ritmos carnavalescos”, explica Rangel.

Fantasiado de Deus, com um estandarte tridimensional inspirado em um verso de Gita , canção de Raul, Emilio Rangel abriu o show gritando palavras de ordem contra a atual crise da cidade e do estado. “Parem o desmantelamento do Rio de Janeiro”. Bem-humorado, o estandarte fazia trocadilho com o verso Eu sou o início, o fim e o meio da canção, substituído pelas fotos e nomes de três personalidades da música brasileira: “Vinicius, Tim e Ney”.

Idealizado pelo produtor musical Rafael Braga, o Bloco Exagerado é mais recente. Surgiu há três anos, reunindo músicos de rock e de escolas de samba. Cantor do bloco, Elton Alves aposta na parceria com o Toca Rauuul! : “Eu acredito que em grande parte é o mesmo público”.

A Praça Tiradentes já estava lotada na apresentação do Exagerado, que antecedeu o bloco dedicado a Raul Seixas. Junto com um grupo de amigos, todos fantasiados de romanos, Ricardo Martins, de 33 anos, morador do Méier, na zona norte da cidade, frequenta há alguns anos o Toca Rauul!.”Essa variedade musical é muito positiva para o carnaval do Rio”, elogiou.

A algumas centenas de metros da Praça Tiradentes, na Rua do Lavradio, centenas de pessoas curtiam outro exemplo dessa diversidade musical do carnaval carioca: as bandas que se apresentavam no segundo dia da Lavradio Jazz Fest.

Últimas notícias