Em algum momento da vida você já notou a presença deles: A dos vendedores ambulantes. Seja no ônibus ou no metrô, impossível passar batido. A atividade informal é originalmente proibida pelo regulamento do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR), mas, para alegria de uns e raiva de outros, ainda existe. Os motivos que levam cada um a vender nos transportes coletivos são inúmeros, mas sempre esbarram no mesmo fim: Ajudar na renda.
Roseli de Barros da Silva, 36 anos, trabalha desde os 7. Ela começou as vendas informais para poder pagar seu almoço: "Minha mãe saía cedo pra trabalhar, meu padrasto jogava a comida que ela deixava pra mim. Tive que me virar". Sempre na estação do metrô de Joana Bezerra, Roseli só entra nos trens quando há espaço. Já trabalhou com carteira assinada, mas desistiu do emprego fixo. "Não dava pra esperar os 30 dias pra receber com meus filhos e netos pra sustentar".
Outro vendedor dos trens, Eliabe da Silva Gonçalves, de 24 anos, também começou cedo, quando tinha apenas 10. Ele também já trabalhou com carteira assinada, mas voltou às vendas ambulantes após ser demitido. "Ganho mais aqui do que quando tinha emprego fixo". Ele diz que chega a faturar um bom dinheiro com os fones de ouvido que vende. Uma vez já teve seu material de trabalho apreendido pela fiscalização. "A gente sabe que é ilegal, mas a gente precisa pro nosso sustento".
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Nos ônibus
Ricardo Fabrício, de 51 anos, voltou a trabalhar nas ruas ano passado. "É um meio de sobreviver. Nessa crise tem muita gente entrando nessa". Ele já havia trabalhado durante 6 anos, mas parou para cuidar de sua mãe. Apesar de ter enfrentado um câncer no olho direito, continua na ativa. Ele fica sempre pela área da Boa Vista e do Hospital da Restauração, exceto no horário da noite. "É perigoso. Prefiro não arriscar", conta.
Com 20 anos, Jailson Bezerra de Lira, o Jau, é novato. Vende pipocas nos coletivos das áreas de Boa Viagem e do Pina. Ele conta que o motivo primordial de vender nos ônibus é o de ajudar a mãe nas despesas de casa. O rapaz, que mora em Joana Bezerra, já fez outros bicos -trabalhos informais temporários. "É melhor do que fazer coisa errada. Não me dá vergonha nenhuma. Isso não é desonra". Segundo Jau, o movimento das vendas depende muito. "Às vezes consigo vender, outros dias fico sem até pra arranjar as pipocas".
Outro lado
Uma funcionária do metrô, que não quis se identificar, relata já ter visto cenas de violência entre ambulantes, por conta de disputa por ponto. Também conta que é complicado saber quem realmente é vendedor e quem usa dessa máscara para praticar crimes "Ninguém sabe quem é quem. E somente a Dircon (Diretoria de Controle Urbano do Recife) com os policiais que podem tomar alguma atitude".