Após o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) propor um reajuste de quase 34% nas passagens de ônibus a partir de janeiro de 2017, nesta quarta-feira (21), diversos usuários de transporte público reagiram negativamente à possibilidade deste aumento. Caso esse percentual seja aprovado, o valor do anel A, por exemplo, passaria de R$ 2,80 para R$ 3,75.
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Luciene Sobral, de 49 anos, usuária do Anel A, ficou chocada: "Onde é que a gente vai parar? E ainda nessa crise. É um absurdo. A gente vai andar a pé, é?", indagou. A estudante Bárbara Ashley, de 17, que pega a linha Conjunto Beira-Mar (Anel B), queixou-se: "O anel B que já é caro, vai ficar mais ainda. Gastarei mais de R$ 10 por dia só de passagem".
"A gente vai andar a pé, é?", queixa-se Luciene Sobral (Diogo Cavalcante/JC Trânsito) |
A operadora de call center Alana Lemos, de 21, pondera: "Até aceitaria, mas só se fosse igual é em São Paulo, que durante um período de tempo pode andar em mais de um ônibus pelo preço de uma passagem", disse. Também funcionária de um call center, Lucineide Maria da Silva, de 38, considera abusivo o possível aumento e teme a questão trabalhista: "As empresas vão acabar dando preferência a quem morar perto do local de trabalho", encerrou.
Entenda a proposta do aumento
O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) propôs, nesta quarta-feira (21), que o aumento das tarifas de transporte público na Região Metropolitana do Recife seja de até 34% a partir de janeiro de 2017. Em outras palavras, com esse percentual, o valor Anel A, que atualmente custa R$ 2,80, passaria para R$ 3,75; e o Anel B, hoje com tarifa de R$ 3,85, saltaria para R$ 5,15. As justificativas para estes valores propostos são a queda de usuários pagantes e o aumento dos custos para manter o sistema.
Em comunicado à imprensa, a Urbana-PE afirma que "o modelo de planejamento e custeio do transporte público adotado no STTP/RMR, bem como seus mecanismos de reajuste tarifário, não têm sido compatíveis com os elevados e crescentes custos do sistema". O sindicato também alega que nos últimos seis anos, o número de passageiros pagantes encolheu 25%. Outro apontamento é a "caótica situação da mobilidade urbana na RMR".
Especialmente desde 2015, as tarifas de transporte vêm sofrendo reajustes após um período de mais de um ano com o preço congelado por ordem do Governo do Estado. Você pode conferir a evolução das duas principais tarifas da RMR no infográfico abaixo.
Ilustração: Bruno de Carvalho/NE10
Reuniões para cravar o reajuste só em janeiro
Para decidir o percentual do reajuste das passagens de ônibus, acontecerá em janeiro a reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), onde o presidente do conselho, que é o secretário das Cidades - Francisco Papaléo - convocará os representantes da CSTM para deliberarem, com cada um apresentando sua proposta, para chegarem a um consenso sobre a reposição tarifária. Assim, a proposta é repassada para a Agência de Regulação do Estado (ARPE) aprovar ou não.
Participam do conselho representantes de órgãos como a própria Urbana, Secretaria das Cidades, Grande Recife Consórcio de Transportes, Companhia de Trânsito e Transporte (CTTU) e outros, bem como de setores da sociedade, como do segmento dos idosos, deficientes e estudantes.
Procurado pela reportagem do JC, o Grande Recife comentou que só se pronunciará sobre reajuste das tarifas em janeiro de 2017.