A manhã do dia 12 de maio de 2017 caminhava para ser como outra qualquer. Às 6h30, na ida para a faculdade onde estuda, em Jaboatão dos Guararapes, Jonathan Wergilyds Farias de Lima, estudante de educação física, de 18 anos, chegava ao Terminal para pegar o ônibus. Assim que entrou no local, veio o susto. O rapaz foi atropelado pelo ônibus da linha Colônia/Jaboatão, perdeu o equilíbrio e caiu. No acidente, a perna direita de Jonathan foi esmagada pelas rodas traseiras do veículo. No chão, gritou para ver se aquilo era real e contou com a ajuda de pessoas que passavam por perto e do pai, que chegou às pressas para socorrer o filho.
O acidente, no entanto, que poderia ser um obstáculo para um jovem que acabou de iniciar o curso e sonha em ser personal trainer, não abalou a força de vontade de Jonathan, que nunca esteve em baixa. Tranquilo e amparado pela família, ele se recupera no Hospital Miguel Arraes, em Paulista. O tratamento foi iniciado no logo no dia 12, no Hospital Otávio de Freitas.
"Primeiro foi feita uma cirurgia de urgência, depois tentaram preservar ao máximo o membro para facilitar a adaptação da prótese, mas como teve infecção e necrose do tecido, foi necessário ampliar a amputação para acima do joelho", explicou Ana Karla Farias, mãe do jovem, complementando ainda que os médicos estão otimistas com a recuperação. A retomada do ânimo de Jonathan também se fez presente quando um grupo de amigos da faculdade se uniu para fazer o bem. A missão não é das mais simples, mas promete ajudar no novo rumo que a vida dele tomou.
“Um colega meu falou comigo chorando e disse ‘fique calmo, vou fazer você conseguir ter duas pernas’ e no dia seguinte soube que o pessoal da sala criou o site”, contou. Através de uma 'vaquinha' virtual, os colegas de sala criaram uma página onde se pode acompanhar o crescimento das doações e quanto falta para atingir o valor de R$10 mil, necessário para colocação de uma prótese.
Parentes, amigos do tempo do colégio, da faculdade e até desconhecidos já se mobilizaram. Até o momento, pouco mais de R$ 5 mil foi arrecadado, e mais R$ 11 mil está em boletos pendentes. Ana Karla ainda informou que o equipamento precisa ser trocado a cada três anos. Outros custos adicionais, como sessões de fisioterapia, transporte ou muletas, tornam o tratamento ainda mais caro. Em nome do neto, a avó Ana Lúcia Farias agradeceu a todos os que se mobilizaram e já contribuíram com a campanha.
Interessados em ajudar, podem fazer contribuições através do link e enviar mensagens de apoio na sessão de comentários.
Acidente
Quando o assunto é o acidente do último dia 12, Jonathan defende que o local onde aconteceu a batida sempre tem um grande fluxo de pessoas. "Ali sempre passam pedestres, até porque tem uma escola na área. No dia tinha muita gente passando, é um trânsito de pedestre direto", comentou.
"O Terminal Integrado não tem nenhuma fiscalização. De vez em quando tem uma pessoa que fica ali e impede a passagem dos pedestres, mas na maior parte do tempo não tem ninguém impedindo a entrada e a saída de pedestres", acrescentou Ana Karla, mãe do jovem.
Em resposta, o Grande Recife Consórcio de Transportes enviou uma nota informando que a entrada de pedestres no local é proibida e portanto fica sem a obrigação de dar alguma ajuda financeira pela lesão sofrida. Confira o comunicado abaixo:
"Com relação ao incidente ocorrido com um usuário, no TI Jaboatão, no último dia 12 de maio, o Grande Recife informa que lamenta o ocorrido e vem acompanhando o caso pela imprensa. No entanto, o órgão lembra que o passageiro acessou o terminal por local proibido para passagem de pedestres. Embora a área esteja sinalizada, o rapaz desobedeceu às orientações do local. Dessa forma, tanto o órgão gestor, quanto a empresa operadora ficam desobrigadas a pagarem qualquer valor pelo dano sofrido".
Foto: Grande Recife/Divulgação
Sobre o ocorrido, a Urbana-PE também se pronunciou, afirmando que está acompanhando o caso e que está em contato constante com a família.
Jonathan ainda relembrou o momento do acidente ao falar se a velocidade do ônibus estava ou não acima da permitida. " Eu tava de costas, só vi quando a parte amarela dele bateu. Não tava tão alta, mas para o ambiente sim. Se ele tivesse com uma velocidade bem baixinha eu teria recebido o tranco mas não teria caído. Mas se fosse na rua ele estaria quase parado", concluiu.