Para compensar a perda de faixas do transporte individual com a implantação de um dos eixos do Corredor Norte-Sul na Avenida Cruz Cabugá - as obras devem começar já em dezembro - uma das principais vias de acesso ao Centro do Recife, o sistema viário da Vila Naval, em Santo Amaro, às margens do Rio Beberibe, será reaberto à circulação de carros. A utilização foi confirmada pelo governador Eduardo Campos, que garantiu ter acordado a reabertura do espaço com a Marinha do Brasil.
A circulação pelo sistema viário da Vila Naval está restrita aos moradores há mais de dez anos. A reabertura foi negociada com a Marinha para permitir que o tráfego de veículos particulares (carros e ônibus) seja feito por ela no sentido Centro-subúrbio. "Hoje, quando os carros descem a Ponte do Limoeiro e pegam à direita são obrigados a retornar à Cruz Cabugá porque a via existente às margens do rio está bloqueada por um muro. Com a mudança, eles poderão seguir em frente até as imediações do Shopping Tacaruna", explicou Danilo Cabral.
O tráfego no sentido oposto - subúrbio-Centro - será prioritariamente feito pela Avenida Cruz Cabugá, ao lado do corredor de ônibus. A avenida existente na Vila Naval será requalificada e há possibilidade de haver pequenas desapropriações na área para compensar a liberação.
Os benefícios dos corredores de BRT são fato, mas os transtornos que a construção deles provocará também. Durante assinatura das ordens de serviço do Leste-Oeste e do Norte-Sul, tanto o governador Eduardo Campos quanto o prefeito João da Costa e o secretário das Cidades, Danilo Cabral, reconheceram que as obras vão complicar ainda mais o já difícil trânsito do Grande Recife.
Um plano emergencial de circulação, com rotas alternativas e opções de fuga, além de um cronograma das obras, está sendo elaborado pelas construtoras responsáveis, juntamente com técnicos do Estado e das prefeituras. Deverão ser concluídos até fevereiro, sendo divulgados gradativamente.
A princípio, a ideia dos construtores é começar as obras pelos pontos que provoquem menos interferências no dia a dia da cidade. No caso do Corredor Leste-Oeste, a previsão é que os trabalhos tenham início nas imediações do Caxangá Golf Club (fim da via, próximo a Camaragibe). Os piores pontos serão o túnel na Benfica e os elevados nos cruzamentos com as perimetrais. Já o Corredor Norte-Sul terá as obras iniciadas no trecho entre Igarassu e Paulista. As principais interferências se darão a partir do Complexo de Salgadinho, no sentido Olinda-Recife, porque antes já existe o corredor da PE-15. "Se for preciso, iremos trabalhar até a noite", garantiu o governador.
CORREDORES - O Corredor Norte-Sul custará R$ 151 milhões e terá 33,2 quilômetros. Vai do Terminal Integrado de Igarassu até a Estação Central do Metrô no Recife, passando pela PE-15, Complexo de Salgadinho e Avenida Cruz Cabugá. As paradas de ônibus serão substituídas por 33 estações interligadas aos terminais integrados de Igarassu, Abreu e Lima, Pelópidas Silveira (PE-22) e PE-15. A expectativa é atender 146 mil usuários por dia. A obra prevê a construção de um viaduto e um elevado que serão erguidos, respectivamente, nos bairros dos Bultrins e Ouro Preto, em Olinda.
Já o Corredor Leste-Oeste totaliza R$ 145 milhões e serão 12,5 quilômetros de extensão, da Praça do Derby até o Terminal Integrado de Camaragibe, com 22 estações. A estimativa é que 155 mil pessoas sejam atendidas por dia. Serão erguidos três elevados: um na Benfica, outro na 3ª Perimetral, próximo ao Hospital Getúlio Vargas, e mais um no Engenho do Meio. A obra prevê, ainda, a construção de um túnel na Praça João Alfredo, ao lado do Museu da Abolição, e um viaduto no cruzamento com a 2ª Perimetral.