Dois anos depois da enchente que afetou 68 municípios pernambucanos, o JC retornou a Barreiros, na Mata Sul, uma das cidades mais prejudicadas pela cheia de junho de 2010. Das quatro mil casas prometidas, menos de 500 foram entregues. Nenhuma das cinco pontes destruídas pelo Rio Una foi reconstruída e ainda há crianças estudando em galpões improvisados porque as escolas não foram recuperadas.
As principais ruas do município foram recuperadas e o comércio conseguiu se recompor. Já os bairros mais afastados permanecem com dificuldade de acesso pela ausência das pontes, arrastadas pelo Rio Una, em 2010.
A professora Célia Lima lembra diariamente da segunda quinzena de junho de 2010. Moradora do distrito de Baeté, ela precisa pegar um barco para chegar ao Centro de Barreiros. “A partir da cheia, a vida de todo mundo aqui piorou. Primeiro ficamos totalmente isolados. Depois colocaram essas balsas, mas temos dificuldade para tudo. Desde abastecimento até o socorro de uma pessoa doente durante a noite, por exemplo”, lamentou a professora.
Revoltados, os moradores do distrito colocaram uma faixa na beira do rio com os dizeres: “dois anos sem nada”. “Passou 2011 inteiro sem eles nem aparecerem aqui. Como este ano tem eleição, agora colocaram uns trinta homens nas obras das duas pontes só para tapear. Será que em dois anos não se constrói uma ponte?”, protestou o motorista Paulo José da Silva, morador de Baeté.
O distrito de Rio Una conta com uma passarela metálica para que os moradores cheguem ao Centro de Barreiros. A ligação ajuda o dia a dia da população, mas está longe de satisfazer as necessidades do povo.
“As pessoas de idade que precisam fazer um exame ou ir ao banco têm que pagar o dobro de condução porque os carros não atravessam a passarela”, disse o padeiro Amaro Miguel Correia.
Duas das maiores escolas da cidade permanecem funcionando em galpões improvisados. Os estudantes convivem com calor e goteiras, além de não terem espaços adequados para práticas esportivas.
Cerca de duas mil famílias de Barreiros permanecem recebendo auxílio-moradia. Elas tiveram suas casas destruídas na enchente e aguardam a conclusão dos loteamentos em construção na periferia do município.
Para receber o imóvel novo, os moradores têm que assinar um termo autorizando a demolição da casa antiga, na área de risco.