Professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade de Toronto (Canadá) estão desenvolvendo um estudo para avaliar o custo-eficácia do programa Academia da Saúde. Criado em 2011, pelo Ministério da Saúde do Brasil, a iniciativa se inspirou na experiência da Academia da Cidade, implantada no Recife desde 2002 e que tem servido de referência para a criação de políticas de promoção da saúde no Brasil e no exterior. Hoje funciona em 2,9 mil municípios, em todos os Estados brasileiros.
A ideia de estudar o custo-efetividade da Academia da Saúde partiu do professor Flávio da Guarda, da UFPE. Doutor em Saúde Pública pela Fiocruz, ele observa que em países como Inglaterra, Austrália, Estados Unidos, Canadá existem pesquisas que avaliam o custo e a efetividade de medicamentos, procedimentos médicos e atividade física. Mas no Brasil nenhum relacionado a programas de atividade física. Daí o ineditismo do trabalho.
O pernambucano apresentou a proposta do estudo ao professor-doutor Peter Coyte, do Instituto de Políticas de Saúde, Gestão e Avaliação, da Universidade de Toronto, e foi convidado por ele a passar seis semanas como docente-visitante no Canadá. Coyte é um dos maiores especialistas em avaliação econômica do mundo. A visita foi viabilizada com financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) e apoio da UFPE.
RESULTADOS
“A avaliação desse tipo de programa é uma caixa de surpresas, mas temos expectativa de que ele se mostre positivo do ponto de vista custo-efetividade. Promover a saúde por meio de atividade física pode significar economia nos gastos, sobretudo no caso de doenças que surgem em consequência da inatividade física. Ao invés de pagar por internações hospitalares relacionadas à hipertensão, diabetes, derrames e infartos, o investimento em programas como a Academia da Saúde pode ser mais proveitoso, pois produz benefícios físicos, psicológicos e sociais" diz Flávio.
Para chegar a uma conclusão, os dois professores estão analisando a produção do programa (número de procedimentos realizados e pessoas atendidas); evidências científicas (diminuição do risco de adoecimento e morte); potenciais impactos sobre a melhoria da qualidade de vida, sintomas de depressão, interação social e aumento dos níveis de atividade física das pessoas.
“A ideia é tentar identificar se existe associação entre a participação das pessoas no programa e os custos dessa intervenção para depois comparar com o gasto com internações hospitalares e outros desfechos negativos para a saúde, assim como os potenciais impactos sobre a qualidade de vida da população. Na prática, vamos verificar se o investimento e efeitos do programa são maiores ou menores que os gastos e consequências da falta de atividade física”, resume. O resultado do estudo será publicado em três artigos, que serão escritos entre os meses de dezembro de 2017 e março do próximo ano. Os achados da pesquisa também serão apresentados em seminário realizado para gestores da Academia da Saúde.
O professor pernambucano defende a adesão da comunidade ao programa, que ao longo dos últimos anos vem sendo ampliado e tem perspectiva de continuar crescendo. Meta do Plano Plurianual 2016-2019 do governo Federal aponta que o Ministério da Saúde deverá custear 3,5 mil polos do programa Academia da Saúde.