O espancamento de uma adolescente moradora de uma comunidade do bairro de Santo Amaro, na área central do Recife, nessa terça-feira (21), foi provocado por uma rivalidade entre quadrilhas da região. De acordo com informações repassadas pelo delegado Diego Acioli, responsável pela investigação, a intenção dos criminosos era torturar a vítima e não tentar matá-la. Imagens gravadas e divulgadas pelos próprios suspeitos revelaram os momentos em que a menina de 17 anos recebe golpes nas mãos e nas costas com pedaços de madeira, tem o cabelo cortado e é obrigada a fugir, no meio da rua, sem roupa.
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"Recentemente, a menina havia se mudado para a localidade onde está uma quadrilha rival composta pelos agressores. Eles acreditavam que a jovem estava repassando informações e por isso a torturaram", esclareceu o delegado.
Segundo ele, a conclusão de que a vítima não seria morta foi possível por conta do depoimento da garota e do áudio do vídeo da tortura, no qual o grupo composto por seis pessoas manda a vítima ir embora da comunidade após o espancamento. A briga que culminou nas agressões seria entre grupos das comunidades Campo do Onze e Ilha de Santa Terezinha.
Até o momento, a polícia conseguiu prender um dos seis homens identificados nas imagens. Fellipe Henrique Matos, 28, foi preso em casa no bairro de Sítio Novo, em Olinda, na noite dessa quarta-feira (22). Conforme Diego Acioli, o homem aparece nas imagens sem máscara e foi responsável por cortar o cabelo da vítima e junto com os demais suspeitos agredir a menina.
Mandados de prisão e de busca e apreensão contra os suspeitos deverão ser expedidos. Entre eles, há inclusive um menor de idade. A polícia afirma que os envolvidos maiores de idade vão responder por tortura, associação criminosa e corrupção de menores.
Programa de Proteção
Após prestar o primeiro depoimento ao delegado, assim que recebeu alta do Hospital da Restauração (HR), nessa quarta-feira, a vítima resolveu aceitar a inclusão do nome no Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas. Sendo assim, a jovem deverá sair da comunidade onde residia até o espancamento e seguirá para um local sigiloso com proteção policial.
Suspeito preso
Fellipe Henrique Matos teve participação tanto nas agressões quanto no corte ao cabelo da vítima. O agressor foi encaminhado para uma audiência de custódia, onde será decidido a prisão dele ou não.
Em depoimento, Fellipe confessou a participação e mentiu, conforme a polícia, ao dizer que o crime seria motivado por um relacionamento amoroso. O jovem entrou na comunidade já portando e recebeu ajuda dos demais para agredir a adolescente.
As investigações ainda tentam comprovar a informação de que o agressor teria participação na morte de um policial em Olinda. O jovem ainda poderá responder por outros crimes como participação em gangues e tráfico de drogas na comunidade da Ilha.
Agressão no meio da rua
No vídeo, as cenas são fortes e de extrema crueldade. Os homens batem com um barrote de madeira nas mãos da adolescente, que chegam a sangrar, cortam o cabelo dela, tiram a roupa da jovem e ainda batem outras vezes no corpo dela. Por fim, ordenam que ela corra do local e ainda atiram pedras e pedaços de madeira.
Nas imagens, ainda é possível perceber que um dos homens que está filmando dá várias risadas, além de desferir vários xingamentos. A comunidade da Ilha é conhecida por ser violenta, onde até a polícia tem dificuldades de fazer operações.
A polícia agora está em busca dos outros cinco suspeitos, já que até o momento apenas um deles foi preso. O caso segue com a 1ª Delegacia de Homicídios.