Vinte ocorrências

Uma rotina de insegurança nas escolas de Jaboatão

Só em 2017, 20 ocorrências já foram registradas nas unidades de ensino. Uma escola chegou a ser fechada após ser assaltada 25 vezes

Maria Luisa Ferro
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Maria Luisa Ferro
Publicado em 31/03/2017 às 10:55
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Vinte. Esse é o número de ocorrências nas escolas da rede municipal de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, registradas somente este ano. O número foi levantado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da cidade (Sinproja). Arrombamentos, assaltos a mão armada e ameaças passaram a fazer parte da rotina dos estudantes e professores de 16 das 138 unidades de ensino do município. O JC visitou três das escolas em situação de risco e a insegurança toma conta dos pais e funcionários.

Na Escola São Sebastião, no bairro de Vila Rica, de dezembro até agora, já foram cinco arrombamentos e um assalto. No último dia 14, quatro homens encapuzados entraram por uma brecha no telhado e fizeram dois funcionários reféns. Não haviam alunos na escola no horário da investida. Após essa ocorrência, a Secretária de Educação iniciou uma reforma na unidade. “Não adianta reformar, se não tem guarda para fazer a segurança física e patrimonial do local”, afirmou Marcelo Anderson, 42 anos, professor de Ciências da escola. A falta de vigilância é a reclamação mais comum entre as escolas. De acordo com o Sinproja, as escolas não possuem vigilantes nem porteiros, o que facilita a ação dos bandidos. Alguns funcionários chegaram a ser ameaçados após registrar boletim de ocorrência contra as investidas.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Já no bairro de Usina Bulhões, uma situação inusitada aconteceu. A Escola Doutor José Queiroz foi fechada em agosto do ano passado, após ser invadida 25 vezes em um período de quatro anos. Os gestores solicitaram a mudança de local após uma professora e um funcionário serem feitos de reféns dentro da unidade. Os alunos e docentes foram transferidos para a Escola Roberto Inácio da Silva, em Vila Rica, na esperança de dias melhores. Na semana passada, homens invadiram a unidade e praticaram vandalismo dentro do local, o que deixou os professores aterrorizados. “Isso nos deixa com medo, pois tenho certeza que esses bandidos irão voltar para levar o que não levaram agora. Nós mudamos para fugir dessas situações, mas tudo está voltando”, afirmou uma professora que não quis se identificar por medo de represálias.

Das escolas visitadas, a Santa Catharine Labouré é, de longe, a que se apresenta em estado mais crítico. Em menos de três dias, a unidade foi invadida duas vezes e teve dez ventiladores, dois aparelhos de som e duas televisões roubadas. Em 2016, a unidade chegou a ser invadida nove vezes. Até botijões de água já foram roubados do local. De acordo com uma das gestoras da escola, a verba destinada para compra de material pedagógico é investida em segurança. Na Catharine Labouré, é também uma brecha no telhado que serve de acesso para os criminosos. De acordo com o Sinproja, as escolas que sofreram invasões não receberam nenhum apoio ou visita por parte da Secretaria de Educação. “Ninguém da secretaria visitou as escolas para ver o estado após as investidas. Nenhuma perícia foi feita no local e ninguém da segurança foi ouvir as unidades. Um verdadeiro descaso”, afirmou a diretora do sindicato, Maristela Ângelo.

Prefeitura promete agir em 60 dias

Na manhã dessa quinta (30), cerca de 100 pessoas, entre elas professores, alunos e pais, saíram em protesto reivindicando mais segurança nas escolas de Jaboatão dos Guararapes. O grupo se concentrou em frente à Escola Marechal Costa e Silva, em Prazeres, uma das 16 escolas em situação de risco.De lá, os manifestantes seguiram até a sede da prefeitura, onde uma comissão foi recebida pelos secretários de Educação, Articulação e Segurança.

Na reunião, que durou cerca de 1h30, o Legislativo afirmou estar estudando os casos e organizando medidas de emergência para entrar em atividade nos próximos 60 dias. “Encontramos a educação do município numa situação precária e sucateada, e precisamos de tempo e da formação de uma parceria entre nós, pais e professores para que as ações sejam efetivas”, afirmou Robson Leite, secretário de Articulação. Em relação a um dos principais pedidos dos manifestantes, a implantação de segurança privada nas unidades de ensino, o secretário de Segurança Pública, Coronel Vespasiano, afirmou que a sugestão já está em análise. “Isso não vai ser tão rápido devido ao processo burocrático, mas está sim nas nossas observações a segurança privada como medida emergencial”, disse.

Já a secretária de Educação, Ivaneide Dantas, afirmou que um levantamento sobre o que foi levado das escolas já está sendo feito. “Precisamos saber o que foi levado para fazer a reposição desses materiais e não permitir que as crianças sejam prejudicadas”, afirmou. Nesta sexta (31), está marcada uma reunião entre a Secretária de Educação, os gestores das 16 escolas em situação de risco, o Sinproja e a Secretária de Segurança Pública de Jaboatão dos Guararapes.

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