SURDEZ

Ouvido biônico recupera audição

Implante coclear, indicado a pessoas que praticamente não escutam e que não se beneficiaram de próteses convencionais, passa a ser oferecido pelo Hospital das Clínicas

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 31/01/2015 às 13:00
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Implante coclear, indicado a pessoas que praticamente não escutam e que não se beneficiaram de próteses convencionais, passa a ser oferecido pelo Hospital das Clínicas - FOTO: Helia Scheppa/JC Imagem
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Popularmente conhecido como ouvido biônico, o implante coclear tem sido indicado para restaurar a função da audição nas pessoas com surdez profunda bilateral (perda auditiva nos dois ouvidos) que não se beneficiaram do uso de próteses auditivas convencionais. O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE) entrou recentemente na lista de instituições públicas do Estado que oferecem a cirurgia de implante coclear, que consiste na inserção de dispositivo eletrônico no ouvido que substitui a cóclea, parte do sistema auditivo sem a qual não escutamos. 

Em Pernambuco, o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e o Hospital Agamenon Magalhães (HAM) também realizam o procedimento. Além disso, a operação é oferecida na rede privada. Estima-se que, no Estado, cerca de 400 pessoas escutem atualmente graças a esse dispositivo, segundo a otorrinolaringologista Mariana Leal, professora da UFPE. “Pacientes interessados em se submeter à cirurgia no HC precisam ser encaminhados por um médico. Eles são atendidos pelo serviço de saúde auditiva do Ambulatório de Otorrinolaringologia, às segundas-feiras à tarde”, diz Mariana. 

Antes de se submeter à cirurgia, é necessário que a pessoa passe por exames e avaliações com otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos. A unidade, de acordo com Mariana Leal, já realizou três cirurgias de implante coclear. Há outras programadas para os próximos meses. Durante a operação, o aparelho é inserido, e o nervo auditivo estimulado. A próxima etapa, que acontece 30 dias após a cirurgia, consiste na colocação de um dispositivo – semelhante a um aparelho auditivo comum. Ele é ativado para possibilitar que o paciente comece a ouvir. 

O benefício proporcionado pelo procedimento, quando bem indicado, é imenso. “O implante muda completamente a vida de pessoas que praticamente não escutam. Entre as vantagens, está o acesso aos sons da fala via audição, o que proporciona maior sociabilização na comunidade ouvinte, com acesso à linguagem oral. Em muitos casos, o dispositivo até facilita a inserção no mercado de trabalho”, salienta a fonoaudióloga Lilian Muniz, professora da UFPE. 

Ela comenta que o dispositivo proporciona satisfação aos pacientes. “Eles se sentem maravilhados quando escutam a própria voz e não se cansam em ficar repetindo o próprio nome. Outros ficam felizes só por voltar a ouvir músicas. Por isso, digo que o implante resgata até sentimentos.” 

O agricultor aposentado Raimundo Gilberto da Silva Fernandes, 38 anos, conta que perdeu a audição de forma progressiva ao longo da vida, devido a infecções no ouvido e à exposição constante a ruídos intensos durante o trabalho. Há 9 meses, ele se submeteu à cirurgia de implante coclear, que possibilitou a recuperação auditiva. “No dia em que ligaram o meu implante, senti muita alegria. Agora ouço o que as pessoas falam e também sou compreendido”, conta Raimundo, que mora em Exu, no Sertão de Pernambuco. 

Pelo menos uma vez por mês, ele viaja mais de 535 quilômetros para ser atendido na Clínica-Escola de Fonoaudiologia Professor Fábio Lessa da UFPE. “Ele passa por terapia com fonoaudiólogo, que faz um trabalho de reconhecimento dos sonos da fala, com o intuito de exercitar a recepção e a emissão da linguagem oral”, explica Lilian. 

Leia a matéria completa na edição deste domingo (1º/2) do caderno Cidades


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