Aleitamento materno

Conciliar amamentação e trabalho exige planejamento e apoio

Semana Mundial de Aleitamento Materno abre discussão para aumentar a possibilidade de a mulher manter o bebê no peito quando volta à labuta

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 01/08/2015 às 13:10
Bobby Fabisak/JC Imagem
Semana Mundial de Aleitamento Materno abre discussão para aumentar a possibilidade de a mulher manter o bebê no peito quando volta à labuta - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Quando vai se aproximando o fim do período da licença-maternidade, as mulheres sentem um frio na barriga porque percebem que a rotina de mãe em tempo integral está prestes a terminar. E se o bebê mama de forma exclusiva, bate a angústia só de pensar em como ele vai ficar longe do peito. Essa realidade fez a Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (Waba, na sigla em inglês) abrir uma discussão para aumentar a possibilidade de as mães continuarem o aleitamento quando voltam à labuta, o que acontece entre o quarto e o sexto mês do bebê. Os especialistas estimam que mais da metade das mulheres vivenciam uma fase de desmame precoce com o retorno ao trabalho. 

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“Elas ficam perdidas porque não sabem como dar continuidade ao aleitamento. Mas com apoio, a mãe que trabalha fora pode continuar a amamentar”, diz a pediatra Andréa Zacchê, coordenadora do Programa de Aleitamento Materno da Secretaria de Saúde de Pernambuco. Ela reforça que o direito estabelecido pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) não é o suficiente para a mulher manter o aleitamento exclusivo até os 6 meses do bebê. “Só os dois intervalos de meia hora por dia não adiantam porque o trânsito não ajuda. O intervalo termina, e a mãe continua no engarrafamento.”

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É preciso dar um passo além: incentivar a criação de salas de apoio à amamentação nas empresas – trabalho abraçado pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Nesses espaços, a mulher esvazia as mamas, armazena o leite em frascos num freezer e o leva para casa no fim do expediente para oferecê-lo ao filho. “Quando não contam com espaços para tirar e guardar o leite no trabalho, a mulher tem o rendimento comprometido devido ao incômodo causado pelos seios cheios demais”, diz a chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco, Lindacir Sampaio. 

O HC é um dos 14 locais que contam com a sala de apoio em Pernambuco. Para sensibilizar as empresas e mostrar as vantagens de ser ter um espaço com essa finalidade, o Ministério da Saúde já formou tutores em várias partes do Brasil (no Estado, há cerca de 20). “A mulher falta menos ao trabalho porque o bebê, quando mama, tem chances menores de adoecer”, salienta Lindacir.

A fisioterapeuta Cinara Carvalho, 36 anos, reconhece como é difícil amamentar quando a licença-maternidade termina. “A primeira semana de volta ao trabalho é difícil. A gente fica com as mamas cheias, mas está longe do filho para oferecer nosso leite. E o trânsito não ajuda a chegarmos em casa”, conta Cinara, que amamenta João, 1 ano e 6 meses. “Fiz alterações na minha rotina para continuar com o aleitamento. Trabalho numa clínica de fisioterapia duas vezes por semana. No restante dos dias, faço atendimento domiciliar com horários flexíveis.”

Quem também já se desdobrou para não abrir mão da amamentação com a volta ao trabalho foi a publicitária Karla Passos, 26, que acabou de dar à luz as gêmeas Alice e Luana, 7 dias. “Minha primeira filha, Geovana, mamou até fazer 1 ano. Com o fim da licença, passei a armazenar o leite para que qualquer pessoa pudesse oferecê-lo quando eu não estivesse em casa”, conta. Ela espera prolongar o aleitamento também com as gêmeas. “Agora será mais fácil porque já tenho a prática”, acrescenta Karla, ao frisar que amamentação é reflexo de um contínuo aprendizado. 

Leia a matéria completa na edição deste domingo (2/8) do caderno Cidades

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