Um presente de Natal. É como Terezinha Soares Baltazar, 65, define o transplante de fígado realizado no Real Hospital Português (RHP) no dia 25 de dezembro deste ano. Ela recebeu o órgão de um doador de Petrolina, no Sertão do Estado. Terezinha foi a primeira paciente do Hospital Português a passar por uma cirurgia de transplante hepático na unidade. Referência na área, o hospital foi pioneiro em transplantes cardíaco e renal: os primeiros foram realizados em 1991 e 1976, respectivamente, além de ser o segundo lugar no País em transplante de medula óssea.
O credenciamento para transplantes de fígado foi concedido pelo Ministério da Saúde no último mês de setembro. Segundo o Dr. César Henrique Lyra, cirurgião responsável pelo procedimento em Terezinha, o principal objetivo é aumentar a oferta do serviço no Estado. “Apesar do procedimento ser realizado também no Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira (Imip) e no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), só havia uma equipe responsável por transplantes de fígado. Hoje, somos a segunda equipe especializada. Esperamos aumentar a quantidade de transplantes e facilitar o serviço para os pacientes”, comenta. Em 2015, foram 316 transplantes realizados no hospital.
O primeiro transplante de fígado no RHP correu de forma tranquila. “A gente teve o cuidado de ter uma equipe maior do que usamos corriqueiramente para que tudo saísse conforme planejado”, comenta Lyra. Até o início de dezembro, o Estado contava com 84 pessoas em lista de espera para transplante de fígado. Neste ano, foram realizados 108 procedimentos desse tipo. Os transplantes de órgãos são realizados através do Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os hospitais do Recife que atendem a demanda.
Segundo a gestora estadual da Central de Transplantes, Noemy Gomes, Pernambuco é referência nesse tipo de cirurgia. Realizando transplantes desde a década de 70, o Hospital Português acompanhou de perto o crescimento do Estado no setor. “Tivemos um crescimento muito grande em 2015 de transplantes de órgãos, como coração, fígado e rins, em relação a 2014. Conseguimos fechar o ano com um aumento de 30%”, calcula. Com o credenciamento do RHP para transplante de fígado, ela acredita que as perspectivas para 2016 sejam ainda mais otimistas.
O investimento do RHP em novos materiais hospitalares foi em torno de R$ 300 mil. “Não é qualquer hospital que pode realizar um procedimento assim. A capacitação é necessária. Essa é uma das exigências do Ministério da Saúde para conceder o credenciamento”, ressalta a Dra. Luciene Melo, da gerência do SUS. O provedor do Hospital Português, Alberto Ferreira da Costa, parabenizou a equipe médica responsável pela cirurgia. “Temos a satisfação de saber que no nosso primeiro transplante de fígado não faltou nada. Tivemos uma equipe disposta, em pleno dia de Natal, com vontade de fazer aquilo que sabe e gosta”.
Apenas seis dias após a cirurgia, Terezinha está respondendo muito bem ao novo órgão. Segundo a equipe médica, o fígado transplantado está em perfeito funcionamento e cumprindo com todas as funções hepáticas. O presente de Natal não poderia ter vindo de maneira melhor. Noemy Gomes ressalta, porém, que muita gente ainda precisa desse presente. “Não adianta termos hospitais com toda a infraestrutura e equipes especializadas se não tivermos doadores”, frisa.
