Saúde

Microagulhas ajudam a tratar cicatrizes após queimaduras

Indução percutânea de colágeno com agulhas é uma técnica inovadora que tem beneficiado pacientes que tiveram queimaduras em várias partes do corpo

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 10/12/2016 às 12:06
Alexandre Gondim/JC Imagem
Indução percutânea de colágeno com agulhas é uma técnica inovadora que tem beneficiado pacientes que tiveram queimaduras em várias partes do corpo - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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As queimaduras mais severas, que destroem de forma parcial ou total as camadas da pele, podem ser muito graves e sempre deixam cicatrizes, o que exige tratamentos cirúrgico e fisioterápico para cuidar de lesões que afetem a movimentação, comprometem a qualidade de vida e a saúde emocional. Entre as técnicas inovadoras para tratar as cicatrizes após queimaduras, destaca-se a indução percutânea de colágeno com agulhas – procedimento cirúrgico conhecido pela sigla IPCA e que tem beneficiado pacientes que tiveram queimaduras em várias partes do corpo, como panturrilha, braço, região cervical e colo. 

A técnica, trazida para o Brasil pelo dermatologista pernambucano Emerson Andrade Lima, é baseada no uso de microagulhas, que perfuram áreas lesionadas da pele e estimulam a produção do colágeno (substância que dá sustentação à pele e essencial para a saúde do tecido). Em Pernambuco, pacientes da rede pública de saúde que tiveram queimaduras são atendidos na Santa Casa de Misericórdia do Recife, no bairro de Santo Amaro, área central do Recife. A triagem é feita por demanda espontânea. “Muitos dos nossos pacientes têm sido encaminhados pelo Setor de Queimados do Hospital da Restauração, mas qualquer pessoa com cicatrizes pode procurar o serviço de dermatologia da Santa Casa para se submeter a uma avaliação”, informa Emerson Andrade Lima. 

Após a primeira sessão de IPCA, os benefícios já podem ser observados. “Há casos de pacientes que não conseguem movimentar a área lesionada. São cicatrizes geralmente elevadas e rígidas. O procedimento melhora a textura, a coloração e a flexibilidade dessas lesões. Ou seja, há ganhos estético e funcional”, explica o dermatologista, que também utiliza o IPCA para tratar melasmas (manchas escuras na pele), estrias e cicatrizes deixadas por cirurgias e acne. “Aproveitamos o conhecimento acumulado com esses pacientes para o tratamento das cicatrizes após queimaduras”, complementa.

DEPOIMENTO

A dona de casa Fábia Silva de Santana, 38 anos, é uma das pacientes que serão beneficiadas pela técnica. Ela conta que, há quase um ano, teve 65% do corpo queimado após se acidentar enquanto preparava pastéis. “De repente, veio uma explosão. O óleo caiu em partes do meu corpo e precisei passar um mês e 17 dias no Hospital da Restauração. Estou me recuperando aos poucos. Fui encaminhada para a Santa Casa para tratar as cicatrizes da perna e do rosto. Fiquei animada para fazer o procedimento depois que vi os resultados em outros pacientes”, relata Fábia. 

Ela faz questão de destacar que o apoio da filha Lanna Rayssa, 10 anos, tem sido importante para que ela melhore a cada dia. “E o suporte que tive da comunidade da Igreja Metodista Wesleyana Largo da Paz foi fundamental para a minha recuperação após o acidente. Conto com uma rede de solidariedade muito grande formada por parentes, amigos e médicos”, conta Fábia.

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