Várias crianças deixarão hoje à noite um sapatinho na janela como chamativo para os presentes que, segundo o imaginário coletivo, são entregues pelo Papai Noel. Para especialistas, permitir que as crianças acreditem no Bom Velhinho promove a criatividade, ativa a fantasia, estimula o desenvolvimento emocional e viabiliza a ligação afetiva entre crianças e idosos. “Ao contarem para os pequenos que o Papai Noel traz presentes e faz caridade, os adultos transmitem a ideia de compartilhar e de beneficiar o próximo”, diz a psicóloga Luciana Gropo.
Ela acrescenta que esse estímulo à fantasia também pode favorecer o desenvolvimento da habilidade de espera na infância, já que as crianças passam a alimentar, aos poucos, a esperança de que ganharão presente do Bom Velhinho. Além disso, a imagem emblemática do personagem (com expressão simpática, roupa vermelha, barbas e cabelo brancos) é acompanhada por um simbolismo que, segundo Luciana, ativa emoções agradáveis. “É uma vivência importante para as crianças.”
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Na família das irmãs gêmeas Fabiana (mãe de Mariana, 6) e Fabíola Queiroz (mãe de Maria Eduarda, 7, e Camila, 2), 40 anos, o Bom Velhinho é esperado com ansiedade. “O Natal é uma época especial. Toda a casa recebe enfeites. Lemos a história de Jesus para que elas saibam o que realmente importa. Camila sempre fala de Papai Noel com carinho; Maria Eduarda começa a mostrar sinais de incredulidade, questiona a origem do dinheiro para a compra dos brinquedos e a existência de Papais Noéis tão diferentes”, conta Fabíola.
Na casa de Fabiana, a noite também é celebrada com a história do nascimento de Jesus – contada a Mariana, que sempre amou o Bom Velhinho. “Mas hoje a ideia (do personagem) está meio confusa na cabecinha dela. Às vezes acredita; às vezes, não. E pergunta como ele consegue entregar todos os presentes a tempo”, diz Fabiana.
Os irmãos Marcos, 5, e Gabriel, 6, não quiseram ir a shoppings este ano para ver o Velhinho, mas escreveram as cartinhas e esperam os presentes. “Mas ensinamos que não podem ser caros. Afinal, Papai Noel dá lembrancinhas para muitas crianças. Devemos aceitar o que ele nos dá. Também comemoramos o nascimento de Jesus. O lugar do presépio é o mais importante da casa”, relata a mãe dos meninos, Janaína Holanda, 39.
QUESTIONAMENTOS
Para a psicóloga Cláudia Queiroz, respeitar a crença no personagem tem relação com a magia do Natal e, à medida em que vierem perguntas sobre a existência do Bom Velhinho, os adultos podem retornar esses questionamentos às crianças para terem noção sobre o amadurecimento do pensamento delas em relação ao personagem. “Com a inserção do mundo da leitura e escrita, a criança vai mudando o olhar sobre os fatos da vida. Geralmente vem um entendimento (sobre o personagem) sem frustrações”, ressalta Cláudia.
