Transexualização

Huoc realiza primeira mastectomia do hospital em homem transexual

Mastectomia inédita no hospital marca 1º ano de atendimento do serviço de apoio aos homens trans do Cisam

Malu Silveira
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Malu Silveira
Publicado em 17/07/2017 às 21:21
Foto: Sérgio Bernardo / JC Imagem
Mastectomia inédita no hospital marca 1º ano de atendimento do serviço de apoio aos homens trans do Cisam - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo / JC Imagem
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O Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, área central do Recife, realizou a primeira mastectomia da unidade em um homem transexual. O procedimento foi realizado na última quarta-feira (12) pelo setor de mastologia do serviço. A cirurgia piloto pode abrir novas portas aos transexuais que buscam a rede pública de saúde para a retirada das mamas.

Para realizar a operação, comum no tratamento do câncer de mama, foi necessário adaptar o método. “Fizemos um plano piloto para adaptar o procedimento e tomamos a iniciativa de ajudar o paciente a se sentir realizado. A técnica cirúrgica ainda está sendo aperfeiçoada. Uma das vantagens é que não deixará marcas”, explica o médico João Esberard, chefe da mastologia do Huoc, quem comandou o procedimento realizado no estudante Társio Benício, 35 anos.

Acompanhado há cerca de dois anos no Espaço de Cuidado e Acolhimento de Pessoas Trans do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE), Társio começou a ter o primeiro contato com os médicos do Oswaldo Cruz no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), da Universidade de Pernambuco (UPE), onde funciona o serviço de saúde trans masculinidade, na Encruzilhada, Zona Norte da capital. “Quando o serviço no Cisam inaugurou, passei a procurar as duas unidades para continuar o meu processo transexualizador. Em uma das reuniões de sensibilização com homens transexuais do serviço, conheci doutor João. Nossa luta é para encontrar profissionais sensíveis com a nossa causa”, conta o estudante, que atua na militância no Estado pelos direitos dos homens transexuais e atualmente é coordenador da Associação de Homens Trans & Transmaculinidades (AHTM).

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Já de repouso em casa, Társio deverá voltar ao Huoc mais algumas vezes nos próximos meses para ser acompanhado pela equipe de mastologia. Os médicos monitorarão a recuperação do paciente, que já se submeteu a uma gastroplastia. “O caso de Társio era ainda mais delicado, pois ele já haviafeito uma gastroplastia. Por ser um ex-obeso, havia muita sobra de tecido. A cirurgia foi difícil, mas estamos muito satisfeitos com o resultado”, comenta Esberard.

A cirurgia de mastectomia em Társio marca, coincidentemente, o primeiro ano de atendimento do Serviço de Trans Masculinidade no Cisam. Inaugurado em 11 de julho de 2016, o projeto acolhe homens trans e atende pacientes com disforia de gênero, uma condição caracterizada pela insatisfação com o sexo biológico. O serviço conta com o trabalho de uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, assistente social, enfermeiro, psiquiatra, endocrinologista e cirurgião.

Para agendar uma consulta no serviço do Cisam, os interessados devem ligar para o 0800-081-1108.

Transexualização

Instituído pelas Portarias nº 1.707 e nº 457, de agosto de 2008, e ampliado pela Portaria nº 2803, de novembro de 2013, o processo transexualizador realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) deve garantir o atendimento integral a pessoas trans, passando desde o uso do nome social até a cirurgia de adequação do corpo biológico à identidade de gênero e social.

A linha de cuidados é estruturada pela atenção básica e por atendimento especializado. Em Pernambuco, o único serviço de referência aos pacientes trans funciona no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.

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