A expansão da febre amarela no País tem levado os viajantes (a áreas de risco de transmissão da doença) a formarem longas filas nos postos de saúde do Recife. Só ontem foram aplicadas entre 1,5 mil e 2 mil doses da vacina na capital pernambucana, segundo estimativa da coordenação do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Recife. A quantidade é igual à cota mensal que a cidade recebe por mês da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Segundo a pasta, o aumento da demanda levou à solicitação de uma remessa extra ao governo federal. “Pedimos mais 10 mil doses ao Ministério da Saúde, pois praticamente todos os municípios já receberam antecipadamente o quantitativo de fevereiro”, diz o secretário estadual de Saúde, Iran Costa. A previsão de chegada dos novos lotes não foi informada.
Para Iran, o crescimento da procura pela vacina se explica pelo fato de o governo federal ter ampliado medidas preventivas em áreas selecionadas, como São Paulo e Rio de Janeiro – Estados que, assim como a Bahia, receberão a campanha de fracionamento da vacina contra febre amarela, cujo objetivo é evitar a circulação e expansão do vírus. “Há mais viajantes frequentes para o Rio e São Paulo do que para Estados da região amazônica (território onde a enfermidade mais se concentrava até poucos anos). Por isso, uma quantidade maior de doses tem sido aplicada atualmente. Mas não há vacina suficiente para toda a população. Então, a indicação do imunizante em Pernambuco continua sendo para pessoas que irão para as áreas de risco de transmissão”, frisa o secretário.
Apesar de o medo da febre amarela ser justificável nas zonas silvestres (a taxa de letalidade no Brasil fica em torno de 35% entre os casos confirmados), Iran garante que não há motivos para pânico entre os pernambucanos, especialmente se forem consideradas as pessoas que não vão sair do Estado por motivo de viagem a trabalho ou férias. “Hoje não há qualquer indício de reurbanização da doença em Pernambuco”, salienta Iran, ao falar sobre o risco de circulação do vírus em áreas urbanas, onde o Aedes aegypti seria o principal transmissor.
Viagens
O cenário de surgimento de novos casos exige mesmo a atenção dos viajantes frequentes, principalmente daqueles que viajam a negócios. “Para esse grupo, é fundamental estudar a geografia das doenças do local para onde se costumar ir”, esclarece a infectologista Sylvia Hinrichse, do Hospital Jayme da Fonte. Referência em saúde do viajante, ela tirou dúvidas ontem dos internautas durante o programa Casa Saudável, na TV JC, sobre o tema, ao lado diretor-geral de Vigilância e Controle de Doenças Transmissíveis da SES, George Dimech.
A médica orienta que, nesta época de expansão da febre amarela, as pessoas que costumam se deslocar a trabalho e não têm ainda em mãos o comprovante de viagem (exigido pelos postos de saúde para se fazer a aplicação da vacina) devem solicitar a um médico esse documento, sem esquecer que a imunização deve ser feita com pelo menos dez dias antes da viagem. Para aqueles que vão usar carro para ir a áreas de risco e ficarão hospedados em casas de família ou amigos (ou seja, são pessoas que não têm comprovantes de viagem de avião/ônibus nem de hotel), a recomendação é apresentar, nos postos de saúde, um comprovante de residência do lugar onde ficarão. “Pode ser uma conta de luz, por exemplo”, informa a coordenadora do PNI do Recife, Elizabeth Azoubel.