Uma comida servida num almoço de família pode ter sido a causa da intoxicação de pelo menos três pessoas de uma mesma família que foram diagnosticadas com botulismo, doença neuroparalítica grave que não é transmitida entre pessoas, resultante da ação de uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Na última sexta-feira, oito pessoas dessa família procuraram o setor de infectologia do Hospital Oswaldo Cruz para que os médicos investigassem quem havia sido contaminado.
Esses pacientes procuraram a unidade desde que Maria Lúcia Barbosa, 65 anos, o seu esposo, José Ronaldo, 69, e o filho do casal, Ronaldo Alves, 48 foram internados e a Secretaria de Saúde confirmar que os três estão contaminados. Mais duas pessoas suspeitas passam por investigação, mas, de acordo com os exames realizados esta semana, a possibilidade de que eles estejam com a doença é mínima.
"O que os pacientes nos relataram é que, num almoço realizado no dia 1º de janeiro, ingeriram uma torta de frango feita por Lúcia. Os dois pacientes que não estão internados e estão sob investigação comeram pouco porque sentiram um gosto estranho na comida. Por isso possivelmente não foram contaminados. De qualquer forma, na próxima semana serão avaliados novamente", explicou o médico infectologista Filipe Prohaska, do Oswaldo Cruz.
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De acordo com o médico, Ronaldo Alves, que está internado na UTI do HUOC, teve a face paralisada por causa da doença. Como o botulismo pode provocar alterações na deglutição, foi colocada uma sonda no paciente para evitar broncoaspiração. "Mas clinicamente ele está evoluindo bem e o quadro é estável. Na próxima segunda-feira (29) faremos uma reavaliação para saber se é possível transferi-lo da UTI para a enfermaria", esclareceu.
Os pais de Ronaldo estão internados num hospital particular do Recife, também na UTI. Tanto José Ronaldo como o filho já receberam o soro antibutulínico. Lúcia Barbosa, porém, não pôde receber, por ser necessário aplicar o medicamento com até sete dias de contaminação e a paciente deu entrada depois desse período.
NOTA
A Secretaria de Saúde de Pernambuco informou, por meio de nota, sobre as notificações e que já contatou a vigilância sanitária do município de origem dos pacientes (Olinda). O órgão estadual afirmou ainda que são raras as ocorrências de botulismo em PE. Foi notificado um caso em 2007 e três em 2016. Em todos, os pacientes evoluíram bem, sem sequelas.