Coceira nos olhos e inchaço. Foi assim que os primeiros sintomas da conjuntivite se manifestaram na turismóloga Barbara Ferro Lima, no último mês. A doença foi transmitida pela filha, infectada na escola. A inflamação da conjuntiva, membrana que reveste os olhos e as pálpebras, é comum nesta época do ano, mas o aumento dos casos registrados entre janeiro e março de 2018 em Pernambuco lança um alerta para os cuidados necessários para prevenir a doença.
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De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), uma das unidades de referência em atendimento oftalmológico registrou um aumento de 351% no número de ocorrências dos três primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2017. O órgão não informou os possíveis motivos do aumento, porque a notificação da doença não é compulsória. Agora, o Estado busca saber se outras unidades de saúde também registraram mudança no número de atendimentos.
De acordo com a médica infectologista Andrezza de Vasconcelos, não há uma explicação para o fenômeno. “Se trata de uma mudança no vírus que está circulando, que está mais resistente. Até mesmo os quadros de resfriados estão mais intensos”, explica. A oftalmologista Adriana Falcão frisa que existem diferentes tipos de conjuntivite (bacteriana, viral e alérgica) e, por isso, o médico deve ser sempre procurado para realizar o diagnóstico. “Podemos estar diante de um quadro bem mais grave e a auto-medicação pode causar prejuízo à saúde ocular do paciente. Por isso, a consulta é essencial.”
Foi o que fez Barbara Lima, assim que a filha manifestou os primeiros sinais de conjuntivite. “Procurei a emergência e lá descobrimos que o quadro dela era bacteriano. No dia seguinte, comecei a sentir os sintomas também. Novamente, procurei atendimento. Apesar de ter pegado a doença da minha filha, nossos quadros eram diferentes, porque tive conjuntivite viral”, conta.
Os sintomas incluem, além da coceira e vermelhidão, sensação de desconforto nos olhos, secreção purulenta ou esbranquiçada, pálpebras grudadas ao despertar, fotofobia e sensação de areia ou ciscos nos olhos. Em geral, a conjuntivite acomete os dois olhos, podendo durar de uma semana a 15 dias.
SEQUELAS
Os quadros de conjuntivite, na maioria das vezes, são resolvidos espontaneamente, mas, em alguns casos, se não forem tratados corretamente, podem deixar sequelas. “Um paciente que não procura orientação médica e não trata os sintomas pode acabar desenvolvendo complicações, como ceratite (inflamação da córnea) e, posteriormente uma úlcera de córnea, levando até mesmo a uma perfuração do olho”, alerta o oftalmologista Roberto Galvão.
A transmissão ocorre pelo contato direto com secreções de pessoas infectadas e pela forma indireta, na qual o contágio ocorre por meio de objetos, superfícies e instrumentos contaminados. Por isso, alguns cuidados devem ser tomados. Lavar as mãos, evitar coçar os olhos e não utilizar objetos de uso geral de pessoas infectadas são algumas das recomendações dos especialistas.