Dança

Filha de Oswald de Andrade apresenta espetáculo no Recife

"Sarará", de Marília Andrade com o grupo Acupe, estreia nesta sexta (28), no Santa Isabel

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 28/09/2012 às 6:32
Ana Lira/Divulgação
"Sarará", de Marília Andrade com o grupo Acupe, estreia nesta sexta (28), no Santa Isabel - FOTO: Ana Lira/Divulgação
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Filho de negro com branco, que tem cabelos crespos louros ou ruivos, é um sarará; mestiço e mulato. Pois bem, agigantando a definição, o Brasil é sarará em essência, levando em consideração a sua formação híbrida e seu caráter cosmopolita. Também é assim a nossa cultura, que sabe, como nenhuma outra, misturar tudo: do samba ao clássico, do teatro à pintura. Foi exatamente dessa elucidação que nasceu Sarará – A alegria é a prova dos nove, do Acupe Grupo de Dança, que estreia nesta sexta (28), às 20h, no Santa Isabel.

Com concepção da paulistana Marília de Andrade, a montagem reúne no palco diferentes quadros, que expressam rituais, estados de alma e poesia, baseados na cultura brasileira. O trabalho tem base em um processo contemporâneo de criação coordenado por Marília em 1989, dentro da Universidade de Campinas (Unicamp), da qual ela é implantadora do curso de Graduação em Dança. “Naquele ano criei com meus alunos um projeto que misturava artes plásticas, literatura, dança e teatro. Eram experimentações. Mas o trabalho acabou não seguindo”, conta a diretora, que foi convidada pelo recifense grupo Acupe para retomar o projeto, há dois anos, com incentivo do Funcultura.

No vídeo abaixo, Marília fala sobre a peça e o surgimento de Pernambuco na sua obra. Assista:

As composições coreográficas partem de improvisações dos dançarinos, valorizando suas habilidades técnicas, suas subjetividades, experiências de vida e bagagens culturais. A trilha sonora é inspirada em melodias e ritmos brasileiros, incluindo obras de grandes compositores populares. Dentro da visão antropofágica proposta por seu pai, o escritor Oswald de Andrade, Marília criou Sarará, integrando criativamente várias linguagens da dança em um espetáculo que mistura imagens, pensamentos, músicas e poesias que habitam o nosso inconsciente coletivo, mesmo nesta época de globalização. A cena emociona e diverte um público amplo e diversificado.

Se o espetáculo é uma homenagem ao seu pai, Marília afirma que, embora não tenha pensado desse jeito, terminou transformando-o indiretamente. “Eu demorei muito para aceitar o meu pai artista. Não só porque o vi sofrendo perto da morte como também por ele não ter sido reconhecido como merecia. Meu pai sofreu muito por isso. Hoje essa peça é uma homenagem a ele, sim. Uma homenagem merecida”, afirma emocionada.

Leia a matéria completa no Caderno C desta sexta-feira (28).

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