Um circo onde são apresentados diversos números, uma história de amor entre pessoas bem diferentes, o encontro de uma princesa "um pouco feia" e um dragão intransigente, a trajetória de uma família que viveu a Guerra da Coreia. Universos tão diferentes como estes são criados por artistas de sete países no Sesi Bonecos do Mundo. O evento começa nesta quarta-feira (7/11), com a Cia. PeQuod (RJ). Até domingo (11/11), a programação reúne 14 espetáculos, performances, oficinas, ateliês com mestres mamulengueiros, uma exposição, uma mostra audiovisual e um show da banda Pato Fu com o Grupo Giramundo (MG). Ao todo, há 37 apresentações gratuitas para adultos e crianças, com tradução em Libras e audiodescrição. Depois do Recife, o evento vai para Fortaleza e Salvador.
A programação foi pensada para mostrar a diversidade do teatro de bonecos contemporâneo. Espetáculos que misturam técnicas, dialogam com outras artes ou que combinam influências diversas fazem parte da proposta. As montagens da Cia. PeQuod (RJ) são um exemplo disto. Marina e Marina, a sereiazinha, feitas respectivamente para adultos e crianças, aproximam o conto A sereiazinha, do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, e as canções praieiras do baiano Dorival Caymmi.
O eixo da história se mantém nos dois espetáculos, mas cada versão tem características específicas - na maneira como o tema é abordado no texto, nas técnicas e na escolha das músicas. No infantil, o grupo PeQuod utiliza apenas bonecos. Na montagem para adultos, o grupo combina a atuação do elenco e a manipulação dos bonecos (estas misturas fazem parte da pesquisa desenvolvida há anos pela companhia).
Marina, a sereiazinha propõe uma reflexão sobre as escolhas com uma maneira próxima à dos contos de fadas. Em Marina, a história ganha contornos trágicos. "Trabalhamos a personagem como se ela fosse uma heroína da tragédia grega. Uma vez que ela abre mão de sua natureza original para se lançar em outra forma e, por conta disto, é punida pelas circunstâncias", explica o diretor Miguel Vellinho.
Outra inspiração do grupo veio do Vietnã: as marionetes aquáticas que são uma tradição no país. "Vi uma montagem nos anos 1990 de uma companhia vietnamita e fiquei fascinado com a possibilidade de trabalhar com a água. Mas eles trabalham na superfície e eu queria explorar as qualidades da imersão, o efeito no cabelo das sereias, o nado. A partir disto, a gente criou esta estrutura do espetáculo. São quatro aquários, com uma tonelada ao todo, em que contamos as passagens submersas e terrestres da história", conclui Miguel.
A matéria completa está no Caderno C desta quarta-feira (7/11), no Jornal do Commercio.