Dança

Deborah Colker e Claudio Assis criam espetáculo sobre obra de João Cabral

Dupla está preparando projeto inspirado em 'Cão sem Plumas'

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 13/02/2016 às 15:14
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Dupla está preparando projeto inspirado em 'Cão sem Plumas' - FOTO: Divulgação
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Foi meio que inesperado. Deborah Colker conheceu O Cão Sem Plumas há mais de 30 anos. Mas, quando releu, ano passado, o percurso poético pelas entranhas do Rio Capibaribe desenhado por João Cabral de Melo Neto teve a certeza. “Ali, eu pensei, é isso que eu tenho que fazer. Tem a poesia, a geografia, vários motivos envolvidos....As possibilidades de transformação que João Cabral propõe”, diz Deborah que, além do poeta no texto, está especialmente cercada de pernambucanos em seu novo projeto artístico.

Diariamente, no seu centro de danças no bairro carioca de Laranjeiras, Deborah cumpre um expediente de quase dez horas corridas no trabalho de transformar em espetáculo o poema-percurso de João Cabral. Para isso, além de cerca de 15 bailarinos de sua companhia, conta com o talento e a energia criativa do cineasta Claudio Assis e do bailarino Dielson Pessoa, protagonista de seu último espetáculo, Tatyana, e agora novamente escalado para estrelar o espetáculo cabralino.

“O Cão sem Plumas é um poema geográfico, cheio de imagens, aí eu pensei: eu preciso do cinema”, diz ela. “É isso que quero propor ao Claudio, um verdadeiro encontro da dança com o cinema”, diz. “Claudio Assis é extremamente inteligente, um provocador, uma pessoa delicada”, diz ela, que vê na parceria artística com Assis uma forma de sair também de sua zona de conforto criativo.

“Eu sou uma pessoa que, a cada espetáculo, me proponho espaços novos, novas ideias. Nunca tinha, por exemplo, trabalhado antes com um autor brasileiro. No meu espetáculo Velox, eu relacionava a dança com o cotidiano, não tinha texto de ninguém. Depois, veio essa necessidade de trabalhar com textos de bons autores. O protocolo é nossa urgência. Estamos numa guerra, numa batalha, traduzindo esse poema. Na verdade, O Cão Sem Plumas é uma parabólica, a gente tem que ler e entender todos os amigos e aproximações de João Cabral, a gente vai sair de Pernambuco e ir pra o planeta. Ano passado, eu estava de barco na Tailândia e lá eu vi muito o Cão Sem Plumas, essa imagem, esse rio estão no mundo”.

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