RESISTÊNCIA

História da jovem paquistanesa Malala inspira espetáculo infantil

Peça Salve, Malala! estreia em São Paulo e conta a história de duas crianças em uma aldeia

Eliana Silva de Souza/Estadão Conteúdo
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Eliana Silva de Souza/Estadão Conteúdo
Publicado em 28/04/2017 às 8:19
Arnaldo dos Anjos/Divulgação
Peça Salve, Malala! estreia em São Paulo e conta a história de duas crianças em uma aldeia - FOTO: Arnaldo dos Anjos/Divulgação
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Um espetáculo dirigido ao público infantil, que traz como inspiração a história real e comovente da menina paquistanesa que sobreviveu aos horrores de uma guerra. Essa é a peça Salve, Malala!, que estreia no domingo, 30, no Sesc Ipiranga, e que apresenta para os pequenos como a liberdade e o acesso ao ensino são direitos de todo ser humano, objetivo que delineia a vida da jovem Malala Yousafzai.

"Na verdade, Malala não é uma personagem da nossa história. Ela é uma inspiração. E para isso criamos uma dramaturgia que se passa em uma aldeia que está sendo bombardeada por um rei autoritário que impede as meninas de irem à escola. Malala sofreu um ataque dentro de um ônibus quando voltava da escola. Foi socorrida e sobreviveu. Sua história é vitoriosa", explica o ator Alessandro Hernandez.

Feita para o público a partir de 3 anos, a peça traz duas crianças, Sofia (Léia Rapozo) e Yan (Alessandro Hernandez), que vivem em uma aldeia e decidem brincar dentro da escola em que estudaram. A partir daí, começam a lembrar histórias de alguns professores e outros conhecidos, que enfrentaram e resistiram às ordens de um rei autoritário e mandão.

"As histórias tristes nos levam a entrar em contato com a nossa humanidade e nos fazem refletir a respeito de nossas escolhas. Salve, Malala! não toca em temas tristes, mas aponta a superação deles, a luta e os desafios para provocar na criança o desejo de agir em favor de suas causas", explica a diretora Cris Lozano. "Pensar um espetáculo para crianças mobiliza escolher uma linguagem, uma forma de contar uma história que se aproxime do imaginário infantil. Sensibilidade, sutileza, perspicácia são adjetivos que colaboram muito na direção".

Premiada com o Nobel da Paz, Malala ficou conhecida no mundo inteiro por sua luta pelos direitos da mulher em adquirir conhecimento, estudar. Motivo pelo qual foi baleada, aos 14 anos, por membros do Taleban. Uma história forte, que envolve guerra, bombas, tiros e perdas, mas que tem também o lado de superação e de ativismo social e político. É um tema atual, mas que não é fácil de ser levado a um público tão específico e exigente. E a diretora explica que "causar interesse pelo tema já é um grande desafio, que pode ser construído de várias formas No caso do Salve, Malala!, a diferença é que estamos falando de uma situação do nosso tempo que consideramos urgente: a perda dos direitos", conta a diretora.

Sobre direitos

Apresentado em algumas cidades do interior de São Paulo e agora chegando à capital, Salve Malala! traduz a linha de pensamento do grupo. "Nossa preocupação sempre foi a de levar para o palco assuntos importantes e que possam ser tratados de maneira poética e lúdica no teatro. Quando pensamos na Malala e em sua história vimos uma possibilidade de ampliar toda a problemática que aconteceu com essa garota lá no Paquistão para discutir aqui e agora no Brasil. E isso nos mostrou muitas similaridades", diz Alessandro.

O ator conta ainda que o objetivo do espetáculo é basicamente falar de direitos. "Direitos que são conquistados, direitos que são usurpados. Nós nos inspiramos na história de Malala e criamos uma outra história. E, para isso, buscamos metáforas que possam simbolizar o que de fato queremos comunicar para a criança. Em nosso processo de construção, chegamos a nos perguntar como falar de ditadura e democracia para o público infantil? E, a partir daí, buscamos elementos e personagens que possam fazer esses apontamentos", lembra.

A jovem Malala é a inspiração para a peça, pois sua história de vida mostra como é lutar pelo direito à escola. "Falamos no espetáculo sobre educação. Sobre maneiras de ensinar e aprender em uma sociedade. O aprendizado precisa ser algo encantador. E o teatro também", enfatiza Alessandro Hernandez.

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