Em uma época na qual quantidade de curtidas nas redes sociais muitas vezes contam mais do que qualidade e conteúdo, classificar algo como sucesso ou fracasso se torna uma tarefa mais complicada. Um dos atores mais requisitados da atualidade, Alexandre Nero quer ajudar a desmistificar a questão, com humor, e o faz de forma contundente no espetáculo O Grande Sucesso, que é apresentado de hoje a domingo, no Teatro Boa Vista.
O musical acompanha um grupo de oito atores do “segundo escalão” à espera de sua entrada em uma peça. Nesse ínterim, discutem questões relacionadas ao fazer artístico, realização pessoal e, claro, a dicotomia entre sucesso e fracasso.
“Queria mostrar que tudo isso é uma grande fantasia da nossa cabeça. A gente optou por uma estética bastante teatral, mas o espetáculo não fala especificamente de teatro, ele fala da vida. É uma comédia muito divertida, mas que propõe algumas reflexões”, pontua Nero.
Além dele, compõem o elenco Carmem Jorge (preparadora corporal e coreógrafa), os atores e músicos Rafael Camargo, Eliezer Vander Brock, Fernanda Fuchs, Fabio Cardoso, Edith de Camargo e o diretor musical Gilson Fukushima, todos curitibanos. A peça é escrita e dirigida por Diego Fortes.
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Aos 47 anos, Nero, que também é cantor, afirma que a projeção nacional obtida desde a estreia na TV, em A Favorita (2009), não o ilude, principalmente porque sua trajetória remonta a muito trabalho, dedicação e fracassos.
“Essa questão de ser ou não bem sucedido é consequência, não me preocupa. Me interesso pelos personagens, pelas histórias, pelas pessoas envolvidas, tanto faz se o papel é pequeno ou de protagonista. Lido com o sucesso da mesma maneira como lido com o fracasso e acho muito importante ir contra essa era que a gente vive na qual tudo tem que ser sucesso, tudo é maravilhoso, ninguém lembra dos fracassos”, reforça.
PROJETOS
O ator está com a agenda cheia para os próximos meses. Entre os projetos nos quais está envolvido, o único já gravado é a série Filhos da Pátria, de Bruno Mazzeo, com estreia marcada para setembro na Globo. Ambientada no século 19, a obra foca na corrupção brasileira e como ela é resultado de anos de um sistema apodrecido. Ele vive Geraldo Bulhosa, funcionário público influenciado a entrar no esquema ilegal.
“A série mostra como a corrupção vai tomando conta do Brasil logo depois da Independência, quando os portugueses vão embora daqui. Geraldo é honesto mas acaba entrando no jogo da corrupção, primeiro por chantagem, depois por gosto pelo poder e pelo dinheiro. Com muito bom humor e uma crítica bastante afiada, a gente fala desse jeitinho brasileiro, que vai das grandes as pequenas corrupções”, adianta o ator.
Para a TV, ele estrelará ainda a supersérie Onde Nascem os Fortes, de José Luiz Villamarim, diretor de Justiça. No cinema, tem dois projetos engatados: os longas Sem Pai Nem Mãe, de André Klotzel, e João, no qual vive o maestro João Carlos Martins.