Os olhos abrem e o corpo pesa toneladas. Talvez tenha acordado, pois enxerga tudo à volta. Talvez não, pois é incapaz de se mexer. A ciência chama de “paralisia do sono” o bloqueio dos movimentos do corpo durante o adormecer. O sujeito acorda mas não consegue levantar-se. Poderia, então, com licença para a analogia, chamar “paralisia do real” a falha que acomete o sujeito que vive. Sensações como culpa, repressão e inércia impedem ações. Por dentro, no entanto, a alma enxerga bem ao redor. Quem nunca gritou sem voz ou desejou e foi incapaz de agir? O artista Manoel Quitério, 26, se apropriou do conflito entre individualidade versus dogmas coletivos na mostra particular Paralisia do sono. Abre hoje, às 17h, na Casa do Cachorro Preto. A inauguração conta com o lounge party dos DJs Allana Marques e Fuckyeahguigs. Entrada gratuita.
Para Manoel, a religião é um dos motivos que provocam a sensação de culpa e repressão na sociedade. Aproveitando-se do gancho do universo onírico, o artista propõe uma reflexão sobre a espiritualidade pessoal de cada um.
A mostra conta com 18 obras do artista, produzidas durante os últimos dois anos. Manoel utiliza madeira de demolição, litogravuras sobre papel e casinhas de passarinhos. A exposição segue uma cronologia: desde a fase mais plana do artista até a atual, mais geométrica.
Nomeada em homenagem ao canino preto residente na casa, o espaço do artista plástico Raoni Assis se encaixou perfeitamente para a primeira mostra de Manoel. Do outro lado da rua, mais para a esquerda de quem olha para fora da casa, é possível ver uma parede ilustrada. Estão lá, no muro, grafites do próprio Manoel e outros artistas. Assim, como quem já é de casa ou da própria rua.
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