Latim nem pensar. Maria, Joaquim, Lurdes, Antônio, crianças, adultos e velhos rezam “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, sob um sol infernal, uma oração de louvor e pedido de proteção. Mas não rezam em latim. O Pai Nosso é um aboio, é em repente, em versos. Em Serrita, a 540 quilômetros do Recife, a Missa do
Vaqueiro, que acontece amanhã, às 10h, é símbolo de fé e de tradição popular.
Foi recolhendo imagens, histórias e depoimentos de quem lida com este universo que se criou o livro Missa do Vaqueiro – 40 anos, lançado hoje, na cidade, às 19h. Na ocasião, também acontece a apresentação do CD Rezas de sol para a Missa do Vaqueiro, uma reedição dos cânticos que são trilha sonora da cerimônia, agora gravados em ritmo de forró pé de serra, com produção musical de José Milton.
Os dois trabalhos (ambos financiados pelo Funcultura) marcam as comemorações de quatro décadas de festa – completados em 2012 –, que começou como uma homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, assassinado brutal e misteriosamente numa emboscada em plena caatinga. “Há alguns anos, eu vinha pensando num projeto para dar visibilidade à missa. Então surgiu a ideia de criar o livro. Um livro que pudesse falar do vaqueiro, da história da missa e trazer também para discussão a musicalidade que tem papel fundamental no evento, e tem como aspecto marcante a presença de Luiz Gonzaga”, lembra a produtora Roberta Jansen.
Missa do Vaqueiro – 40 anos compila imagens, versos e textos de quem entende do assunto. “A princípio, Helena Câncio (presidente de honra da Fundação Padre João Câncio) conversou com o pesquisador Frederico Pernambucano de Melo, que estuda o universo do cangaço, e o convidou para escrever sobre o vaqueiro. Em seguida, pedirmos à jornalista Adriana Victor, por ter experiência também na área, para escrever sobre a Missa. Ela ficou muito feliz. No livro, Adriana narra o que representa a festa e a cerimônia para o povo sertanejo.”
Leia matéria completa no Caderno C deste sábado (27).