Lançamento

O Recife dos anos 40 em livro

Publicação do Museu da Cidade do Recife traz imagens de época

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 24/12/2013 às 9:13
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Não tinha mais que seis andares. Mas, naquele meio da década de 1940, o Edifício Sulacap, ícone da Avenida Guararapes, arranhava o céu e servia de plataforma para assistir à demolição das casinhas conjugadas do bairro de São José então cobertas pela sombra autoritária de igrejas que também já se foram. Muito do que a cidade foi – e poderia ter sido – está condensado no livro Recife – Década de 1940, um conjunto de 31 imagens formatadas em postais, preto e branco, ares de eternidade, elegância de belle époque, lançado pelo Museu da cidade do Recife.


Assinada pelo fotógrafo Alexandre Berzin, a imagem do Sulacap cristaliza o início da mutilação do bairro do São José, uma entre tantas que a cidade viveria. Neste momento em que o Recife tem debates sobre o futuro e a viabilidade de seu corpo urbanístico, não deixa de ser simbólica como imagem que abre a série de fotos do livreto (15 x 15 cm). A maior parte das imagens é assinada por Berzin. Algumas, por Augusto Rodrigues.


Não por acaso: contratados pela Diretoria de Estatística, Propaganda e Turismo, eles tinham como missão retratar “de maneira regular e oportuna a vida econômica, cultural e social da cidade do Recife, tanto aqui, quanto lá fora”. Essa era a premissa do prefeito Antônio Novais que, em 1937, personificava o ideário progressista do Estado Novo de Getúlio Vargas.


Com curadoria de Betânia Correia, diretora da instituição, o livro é consequência da exposição homônima realizada, ano passado, no Museu da Cidade do Recife.


Além do Recife dos bondes, dos cidadãos de terno de linho branco e chapéu, vemos também os primeiros banhistas da Boa Viagem que, nem desconfiavam, seria a expansão da cidade. Um Recife que, pelo rádio e pela boca dos marinheiros, ouvia as notícias da Segunda Guerra Mundial pelo rádio e da boca dos próprios marinheiros. A cidade lambida pelo Atlântico que via, como escreveu Hermilo Borba Filho, no Boletim da Cidade do Recife, reproduzido no livro: “O cais do Porto recebendo navios de terras longínquas, deles descendo homens musculosos – vermelhos-amarelos-negros à procura de mulheres vermelhas-amarelas-negras da Rua do Bom Jesus”.
 Recife Década de 1940, Museu da Cidade do Recife. R$ 30.

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