Há muitos detalhes e significados que se revelam aos poucos nas obras reunidas na exposição Exercício solitário. As novas criações do artista plástico Francisco Brennand, que podem ser vistas a partir desta segunda-feira (18/5) em um dos espaços da Oficina Cerâmica dele, localizada na Várzea, juntam-se às outras que unidas transportam o vasto repertório de signos, significados, referências e histórias que alimentam o processo criativo do artista.
A exposição está montada no foyer do Cine Teatro Deborah Brennand. Ao lado d'A esfinge foi colocado um texto no qual Brennand reflete sobre a pintura. Primeiro, remetendo a um pintor holandês que "expressou-se como ninguém" - "Razão tem Van Gogh, quando adverte: ‘Graças a Deus, de uma certa maneira, jamais aprendi a pintar'".
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Depois, Brennand compartilha algo do "próprio problema com a pintura", como ele explica - "Ainda não consegui estragar o quadro. Ela resiste, como a vida resiste à morte. Falo da moça e não do quadro. É dela, tão distante o seu drama, escondida pela própria mão, rindo de si e de todos. É dela que me ocupo, uma vez que jamais poderei tocá-la, ouvi-la. Pintando-a através de uma foto de jornal, pelo menos retenho-a entre as minhas mãos trêmulas'.
Colecionar imagens publicadas em jornais é algo que faz parte das práticas do artista. Tempos depois, ele retorna a este material guardado em cadernos. Se a imagem ainda o cativar, permanece colada na página e, quem sabe, pode acabar sendo referência para alguma obra. Outro hábito cultivado por Brennand é o de escrever diários. Juntando as duas coisas, pode-se visitar uma exposição como esta enxergando as obras como fragmentos de um diário visual.
Ao lado da figura mitológica citada anteriormente, dona de uma aura enigmática, está exposta uma pintura na qual aparecem o corpo e o rosto de uma mulher. Esta segunda obra foi batizada de A fonte. Alguns colocam o rótulo de erótico em tudo que o artista faz, mas existem nas criações dele outras camadas. As formas vegetais, humanas e de outros animais sugerem algo maior (o observador pode lembrar, por exemplo, dos símbolos da fertilidade).
'Ela é a fonte da vida. Essa é a verdade", resume Brennand sobre a figura feminina de Exercício solitário, com uma frase que permite traçar este paralelo e refletir sobre a obra dele de maneira mais ampla. Enxergar algo "mais poético que erótico", como ele mesmo diz.
O texto completo sobre esta exposição, que pode ser apreciada no local até o dia 18/08, está no Caderno C desta segunda-feira (18/5), no Jornal do Commercio.
Até domingo (24/5), além da mostra, o visitante da Oficina Cerâmica Francisco Brennand terá acesso a algumas atividades especiais no local, devido à 13ª Semana de Museus. Confira a programação:
Audiovisual
Segunda-feira (18/5)
14h - Brennand e o sentimento trágico do mundo (1998). Direção: Olívio Tavares de Araújo.
Filme realizado durante a Exposição na Pinacoteca de São Paulo, 1998. Aborda a temática do horror, sofrimento inerente ao ser humano, bem como alguns personagens trágicos na obra de Brennand.
14h45 - Francisco Brennand - O demiurgo (1996). Direção: Feli Coelho e Celso Giovanni.
Traz alguns painéis de Francisco Brennand em Recife. Brennand em seu antigo ateliê no Engenho São Francisco, mostra a produção de pisos e a olaria confeccionando as peças. Aborda seu início nas artes plásticas, formação e professores, início da reconstrução da Oficina. A temática feminino, o corpo é representado pelas pinturas e esculturas. Temas emblemáticos da obra de Francisco Brennand.
15h30 - Francisco Brennand (2012). Direção: Mariana Brennand Fortes.
Estreou na 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo com direção da cineasta Mariana Fortes Brennand, sobrinha neta do artista. O filme foi o ganhador dos prêmios Prêmio Itamaraty de melhor Documentário Brasileiro e o Prêmio Abracine (Associação Brasileira dos Críticos de Cinema) de Melhor Filme Brasileiro. O Documentário sobre Francisco Brennand, artista plástico de 85 anos que vive e trabalha de forma isolada em sua oficina num bairro afastado do Recife. O longa registra a trajetória do artista através de diários e textos escritos por ele nos últimos 60 anos, em que reconta sua vida de forma ficcional.
Terça-feira (19/5)
14h - Brennand – ovo omnia (2000). Direção: Liz Donovan.
Este filme foi apresentado no 5º Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira – Portugal em 2001. Aborda a temática da reprodução e sexualidade presentes na obra de Francisco Brennand, além do tema emblemático do ovo cósmico e ovo primordial.
14h30 - Globo Ecologia especial Francisco Brennand (1999).
Aborda a temática da natureza na obra de Brennand, o rio Capibaribe, o Lago das sombras, a mata e própria vivência de Brennand nestas terras, além de falar detalhadamente na escultura Árvore da vida.
15h15 - Letras verdes (2006). Direção: Deby Brennand e Julianne Carmo.
Convite ao universo da poetisa pernambucana Deborah Brennand. O documentário resgata momentos de sua vida e obra e provoca o reencontro da escritora com o Engenho de São Francisco, local onde viveu por quase 40 anos, cercada pela natureza, sua principal fonte de inspiração. A poesia de Deborah nasce de um pássaro, uma folha, o ar... Através de seus versos um mundo sublime é revelado. "A poesia existe em tudo, ela é viva em todo lugar".
Quarta-feira (20/5)
14h - Francisco Brennand (1980). Direção: Jaime Monjardim Matarazzo.
Narrado por Francisco Brennand. Traz a Oficina Brennand em sua primeira década de criação. Brennand fala da reconstrução e início na Oficina, de sua vida artística e de características das obras, em especial as possuem relação direta com a antiga Fábrica. Importante para o resgate histórico, pois tem imagens da Oficina antigamente.
14h30 - Mundo da arte - Francisco Brennand - Oficina de mitos (TV Senac/Sesc), Documenta video Brasil (1995).
Aborda a vida e obra de Brennand. Início, reconstrução da Oficina e suas principais temáticas
15h15 - Francisco Brennand (2012). Direção: Mariana Brennand Fortes.
Quinta-feira (21/5)
14h - Brennand e o sentimento trágico do mundo (1998). Direção: Olívio Tavares de Araújo.
14h45 - Francisco Brennand - O demiurgo (1996). Direção: Feli Coelho e Celso Giovanni.
15h30 - Francisco Brennand (2012). Direção: Mariana Brennand Fortes.
Sexta-feira (22/05)
14h - Brennand – ovo omnia (2000). Direção: Liz Donovan.
14h30 - Globo Ecologia especial Francisco Brennand (1999). Direção: Rede Globo - Fundação Roberto Marinho.
15h15 - Letras verdes (2006). Direção: Deby Brennand e Julianne Carmo.
Sábado (23/5)
13h15 - Francisco Brennand (2012). Direção: Mariana Brennand Fortes.
15h - Palestra com Francisco Cribari sobre o tema “A fotografia como arte”
Domingo (24/5)
11h - Francisco Brennand - O demiurgo (1996). Direção: Feli Coelho e Celso Giovanni.
11h30 - Brennand e o sentimento trágico do mundo (1998). Direção: Olívio Tavares de Araújo.
14h - Letras verdes (2006). Direção: Deby Brennand e Julianne Carmo
14h45 - Francisco Brennand (2012). Direção: Mariana Brennand Fortes.
