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Victor Mattina desvenda o cemitério de Santo Amaro na exposição Luzia

. A partir de retratos tirados no local, carioca criou telas que refletem sobre passagem do tempo

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 05/08/2017 às 14:30
Sérgio Bernardo/JC Imagem
FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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O cemitério Senhor Bom Jesus da Redenção, mais conhecido como cemitério de Santo Amaro, foi construído em 1851. Desde então, a capital pernambucana sofreu drásticas transformações, às quais o espaço atravessou com outra dinâmica, como se operasse sob um ritmo próprio. Durante residência artística na Fundação Joaquim Nabuco, o artista plástico carioca Victor Mattina se propôs a imergir nessa cadência singular, experiência que resultou na exposição Luzia, que apresenta hoje, às 17h, na Galeria Massangana.

Sem conhecimento prévio do Recife, cidade que conheceu a partir da residência artística, Mattina havia pesquisado sobre o cemitério, mas deixou para desvendá-lo aos poucos. Em visitas, observou a arquitetura da área, prestando atenção nos detalhes mais vistosos, a exemplo das lápides e monumentos, assim como nas miudezas, como objetos deixados no chão.

Sérgio Bernardo/JC Imagem
Objetos encontrados no entorno de Santo Amaro compõem obra em exibição - Sérgio Bernardo/JC Imagem
Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Sérgio Bernardo/JC Imagem
Sérgio Bernardo/JC Imagem
- Sérgio Bernardo/JC Imagem
Victor Mattina/Reprodução
Imagens do cemitério são ressignificadas pelo artista - Victor Mattina/Reprodução

“A configuração do cemitério não é muito usual no Brasil. Ele é um quadrado perfeito, com alas bem divididas, a capela no centro, com um planejamento arquitetônico claro. Porém, o mais interessante para mim foi poder tentar entender como ele se encaixava no conceito de Foucault de heterotopia – espaços que vivem uma lógica própria, quase removidas do tempo, como se, ao entrar neles, você se descolasse do entorno”, explica o artista.

O QUE FICOU

No local, tirou cerca de 1700 fotos e, a partir delas, começou, em seu ateliê no Rio de Janeiro, a desenvolver os quadros que compõem a exposição. Ao todo, são sete telas a óleo, em tamanhos distintos, que ele produziu a partir dos negativos das fotografias.

Na entrada da mostra, há ainda um áudio que evoca a ideia de demolição, de terra revirada, mar em dia de ressaca, som que acompanha o visitante no espaço expositivo.

Além das telas, o artista exibe ainda uma obra que reúne objetos encontrados no entorno do cemitério, como pedaços de vasos, porta-retratos, entre outros. Dispostos sobre uma superfície suspensa, elas trabalham uma ideia de arqueologia da memória, do corpo que não está mais lá, dos fragmentos que permanecem.

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