Cozinha confidencial (2009), sabemos, mudou nossa relação com o mundo dos restaurantes. Antes romanticamente celebrizados, chefs de cozinha são ali ultrassonografados sem qualquer cerimônia por Anthony Bourdain - o escritor, chef e apresentador que suicidou-se, aos 61 anos, na última sexta (8), no auge do sucesso planetário.
Com doses generosas de suspense, cinismo, recursos romanescos e mordiscadas sociológicas, ele virou o maior best-seller do gênero: quando do lançamento, vendeu mais de um milhão de exemplares. Depois dele, vieram mais de 200 mil títulos de literatura gastronômica no mundo. Ele abriu esse caminho.
Dos mais sórdidos aos mais cândidos, ali Bourdain conta todos os detalhes da gastronomia que não cabem na moldura já antiquada do mero glamour. E também as falcatruas do ramo. De lavagem de dinheiro a reciclagem de comida deteriorada.
Relembre, aqui, algumas dicas clássicas de Bourdain sobre como devemos nos movimentar dentro (ou a caminho) de um restaurante:
BIFE BEM PASSADO, NUNCA
"Um pedaço de bife duro pode ser guardado para um filisteu que vai pedir carne bem passada. Pessoas que pedem carne 'bem passada' prestam um serviço valioso para nós que conhecemos o custo da comida: eles pagam pelo privilégio de comer lixo. Em muitas cozinhas, há uma prática conhecida como 'guardar para o bem passado'... o 'filisteu' que pede carne 'bem passada' não sabe a diferença entre comida e porcaria."
TERÇA É MELHOR
"De um modo geral, terça-feira é o melhor dia: os frutos do mar estão frescos, o estoque de comida é renovado e o chef, presumidamente, está relaxado depois de seu dia de folga (a maioria deles não trabalha às segundas)... Além disso, eles gostam de começar uma nova semana com seus pratos mais criativos."
SIGA OS LOCAIS
"Vá para um lugar com muitos moradores locais. Não há fotos da comida nem menu em inglês. Em Nova York, por exemplo, escolha um restaurante onde os nova-iorquinos estão."