CINEMA

Apresentado no Festival de Cannes, Rodin apoia-se na beleza formal

Filme chega no mesmo ano em que a França comemora os 100 anos da morte do famoso escultor

Ernesto Barros
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Publicado em 25/05/2017 às 6:41
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Filme chega no mesmo ano em que a França comemora os 100 anos da morte do famoso escultor - FOTO: Divulgação
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Desde março que a França comemora o legado de Auguste Rodin, o revolucionário escultor que antecipou a explosão da arte moderna. A ponta de lança das homenagens é uma retrospectiva no Grande Palais, em Paris, que terá seu auge no dia 17 novembro, quando se completam os 100 anos da morte dele. O longa-metragem Rodin, de Jacques Doillon, foi exibido nesta quarta-feira (24/5) na Seleção Oficial do Festival de Cannes, como parte de mais uma homenagem ao escultor.

Apesar de estar ligado a essa efeméride, Rodin não é uma biografia convencional, dessas que o cinema francês não cansa de fazer em torno de artistas e personagens famosos. Ao contrário, Doillon escolheu um período específico da vida de Rodin, que, somente aos 40 anos, recebeu pela primeira vez uma encomenda do governo francês.

Rodin cobre os mais de 10 anos que o escultor trabalhou para concluir o painel “As Portas do Inferno”, baseado em Dante Alighieri, que incluem as peças “O Pensador” e o “O Beijo”. O filme se passa quase todo em seu atelier, com esparsas cenas em outros cômodos de sua casa.

CAMILLE CLAUDEL

É nesse mesmo período que ele mantém um relacionamento profissional e conflituoso com Camille Claudel, sua aluna e futura amante. Doillon coloca em primeiro plano a paixão entre os dois, mas não nos termos dramáticos de Bruno Nuytten em Camille Claudel, o filme que tinha Isabelle Adjani como estrela.

No novo filme, quem faz Camille é Izia Higelin, mais conhecida por sua participação em Samba, em que contracenou ao lado de Omar Sy. A sensualidade, tão presente em suas esculturas, era parte integrante da vida de Rodin. Interpretado por Vincent Lindon, um ator de grande presença, o escultor é visto como um artista que se dedicou à arte, sem admitir perder tempo com mulher e filhos.

Apesar disso, ele viveu com uma mulher por muitos anos, mãe de vários filhos seus, e ainda teve inúmeros relacionamentos ocasionais com suas modelos. Com Camille, ele viveu o que hoje chamamos de relacionamento tóxico.

Dirigido com sobriedade e rigor, Rodin é um trabalho de grande beleza formal, mas um tanto frio para retratar um homem conhecido também pela impetuosidade.

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