Ator, roteirista e diretor, o mineiro Selton Mello, 38 anos, está entre as figuras mais representativas do cinema brasileiro atual. O palhaço (2011), seu segundo longa-metragem como diretor, ganha pré-estreia nesta sexta-feira (21/10), às 19h, no Cinema São Luiz, dentro da programação do Festival de Circo do Brasil. O filme só estreia na próxima semana, mas o espetáculo de hoje é de graça, sim, senhor. No final da sessão, Selton vai participar de um debate com a atriz Lívia Falcão e os pesquisadores Ermínia Silva, Maria Lulu e Clerouak.
Ator de reconhecido talento no cinema e na TV, Selton surpreendeu a todos com o longa Feliz Natal (2008), um duro retrato sobre a vida familiar. Se a franqueza do relato, por um lado, impediu que um público maior tivesse acesso ao seu primeiro filme, por outro, foi um cartão de visitas em que ele mostrava credenciais de qualidade.
A confirmação de que Selton não era apenas uma promessa está presente em O palhaço da primeira à última cena. Quando participou do IV Paulínia Festival de Cinema, no último mês de julho, o filme agradou ao público e ao júri oficial, que lhe concedeu quatro prêmios: melhor direção (Selton), melhor ator coadjuvante (Moacir Franco, numa ponta impagável com um delegado), figurino (Kika Lopes) e roteiro (Selton e Marcelo Vindicato).
O tema das relações familiares não está dissociado da trama de O palhaço, mas o que está mais em evidência é a homenagem aos artistas de circo. Os dois personagens principais, Benjamin (Selton) e Waldemar (Paulo José), pai e filho, que vivem a dupla Pangaré e Puro sangue, têm raízes em palhaços reais. Eles foram inspirados em dois grandes artistas: Benjamin de Oliveira, um ex-escravo que virou um dos mais importantes profissionais do picadeiro, e Waldemar Seyssel, mais conhecido como Arrelia, conta Selton.
A história dos dois personagens e a maneira como ela é narrada por Selton Mello não poderiam ser mais singelas. Para chegar a tal nível, o diretor fez escolhas muito específicas e que nem sempre são captadas à primeira vista. A mais sutil delas é o ambiente temporal do filme, situado em algum ponto incerto da década de 1970. Outro é o humor minimalista, bem ao gosto do finlandês Aki Kaurismaki, de Um homem sem passado (Mies vailla menneisyyttä, 2002). Assim, não espere nada perto do humor grosseiro da TV.
Leia a reportagem completa na edição desta sexta-feira (21/10) no Caderno C, do Jornal do Commercio.