LONDRES - O Monty Python não vai ganhar novos fãs com o espetáculo apresentado na noite de terça-feira, no retorno aos palcos do grupo de comédia após 30 anos, mas os antigos admiradores deixaram a Arena O2 de Londres plenamente satisfeitos.
John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Terry Jones e Michael Palin, já septuagenários - Graham Chapman, o sexto Pyton, morreu de câncer em 1989 -, fizeram na terça-feira a primeira de 10 apresentações de reencontro e despedida.
O espetáculo Monty Phyton Live (mostly) conta com as antigas piadas e as velhas canções, e acaba com aquela que um crítico chamou de "hino nacional", Always look on the bright side of life, tema de encerramento do filme A vida de Brian, cantada com entusiasmo por atores e espectadores.
"Os Pythons chegaram, cambalearam, mas venceram", escreveu o crítico do Daily Telegraph, que deu quatro estrelas ao espetáculo, em uma escala que vai até cinco, a maior nota dos principais jornais britânicos.
"O que falta em energia é compensado pelos esforços coreográficos de uma trupe 20 intérpretes jovens o suficiente para serem seus netos", completou.
Os integrantes do Monty Python receberam muitos aplausos agradecidos e "saíram com uma ovação de pé", destacou o Daily Telegraph.
"Não é ruim: dá às pessoas exatamente o que desejam, mas aposta excessivamente no amor do fã", escreveu o crítico do jornal The Guardian, que deu três de cinco estrelas. "O espetáculo não conquistará nenhum novo fã. Mas deixa satisfeitos os devotos", completa o crítico, que admite estar entre eles e confessou ter vivido "um microssegundo de emoção com lágrimas ao vê-los juntos outra vez".
A crítica do jornal The Times também deu três estrelas e apresentou duas perguntas - com suas respostas: "Eles têm a vitalidade cômica de 40 anos atrás? Não têm. Em duas horas e meia, converterão os infiéis da causa Python? Não conseguirão". "Mas há muitas risadas entre o público, sorrisos de reconhecimento mais do que de surpresa, com certeza, mas risadas genuínas do início ao fim", completa o jornal.
Para o The Sun, o espetáculo "é inteligente e imaturo ao mesmo tempo, como eram os Pythons então". "É um show para os fãs, não para leigos. De todos os modos, quantas pessoas não conhecem os Python?", questiona o crítico do tabloide. Como constatou a crítica, o espetáculo reuniu os fiéis.
Muitos espectadores compareceram à Arena O2 da zona leste de Londres vestidos como os personagens favoritos do grupo, desde os membros da Inquisição espanhola aos cavaleiros medievais.
"Foi brilhante, melhor do que eu esperava", disse David Mallinson, de 48 anos, que viajou de Manchester com os dois filhos para assistir o espetáculo. "Ri até chorar, o ambiente estava formidável", completou.
Seu filho James, de 17 anos, acrescentou: "quando eles esqueciam do texto e riam das próprias piadas, deixou o show ainda melhor".
"A ideia de compartilhar o mesmo espaço e lembrar os mesmos diálogos é um grande acontecimento", afirmou Dan Stead, um técnico em informática de Leeds, no norte da Inglaterra.
Richard Hillier, um diretor de marketing de Londres, de 39 anos, disse que aproveitou cada minuto. "Foi muito bom, mas acabou muito rápido. Por sorte, tenho entradas para mais duas noites!", acrescentou. A última apresentação, no dia 20 de julho, será exibida em cinemas de todo o mundo.
O grupo ganhou fama com o programa de televisão Monty Phyton's Flying Circus, que teve o primeiro episódio exibido em 5 de outubro de 1969. Na década de 1970, eles investiram no cinema, com E agora para algo completamente diferente (1971), que foi seguido por Monty Python em busca do cálice sagrado (1975).
Em 1979, lançaram A vida de Brian, uma comédia que narra a vida de um homem com uma vida paralela à de Jesus. O último filme do grupo foi O sentido da vida, em 1983, ano da separação.