Por quase duas décadas eles foram os humoristas mais queridos do planeta. Depois deles, o comportado humor inglês – e mundial, também – nunca mais foi o mesmo. Enquanto esteve em atividade, o grupo Monty Python conquistou multidões com seu humor corrosivo, anárquico, desrespeitoso, absurdo e filosófico.
No último Janela Internacional de Cinema do Recife, em novembro do ano passado, cerca de mil fãs foram aos céus com a exibição, no cinema São Luiz, da cópia restaurada do longa-metragem O sentido da vida (1983), que trouxe os membros da trupe pela última vez.
Órfãos por três décadas, os admiradores da trupe devem sair de casa neste fim de semana para ver aquele que, definitivamente, será o último encontro entre eles e John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Michael Palin e Terry Jones, os septuagenários remanescentes do grupo.
O Cinemark RioMar exibe o especial Monty Python Live (mostly), uma reunião de sketches e canções de repertório em 2h30 de espetáculo. Graham Chapman, que morreu de câncer em 1989, é homenageado durante o concerto. As exibições acontecem hoje, às 12h30m, e amanhã, às 16h30m.
Na tela grande, Monty Python Live (mostly) é a versão de uma série de dez espetáculos apresentados em Julho deste ano no Arena 02, em Londres. Com uma capacidade 16 mil espectadores, a casa foi o palco de um mega-espetáculo digno para o adeus do Monty Python. O ator Eric Idle, que também escrevia os roteiros dos filmes, é quem assina a direção.
O especial relembra os melhores momentos do Monty Python. Além dos membros fixos, estão presentes antigos colaboradores, como a comediante Carol Cleveland, que substitui Graham Chapman em vários momentos.
Entre os números musicais, um dos mais destacados é da canção Every sperm is sacred, do filme O sentido da vida. No final da apresentação, dois gigantescos canhões em forma de falo atiram bolhas sobre a plateia próxima ao palco. O espetáculo acaba com aquela canção que um crítico chamou de “hino nacional”, Always look on the bright side of life, tema de encerramento do filme A vida de Brian (1979), cantada com entusiasmo por atores e espectadores. “Os Pythons chegaram, cambalearam, mas venceram”, escreveu o crítico do Daily Telegraph, que deu quatro estrelas ao espetáculo, em uma escala que vai até cinco, a maior nota dos principais jornais britânicos.
O culto em torno da trupe começou no final da década de 1960, com a estreia do programa de TV inovador Monty Python’s Flying Circus, que ficou no ar entre 1969 e 1974. Depois, o Monty Python fez grande sucesso no cinema, com os filmes E agora para algo completamente diferente (1971), que foi seguido por Monty Python em busca do cálice sagrado (1975). Em 1979, lançaram A vida de Brian, uma comédia que narra a vida de um homem com uma vida paralela à de Jesus. O último filme do grupo foi O sentido da vida, ano da separação.
Os integrantes do grupo não apareciam juntos desde 1998, quando se apresentaram no Aspen Comedy Festival nos Estados Unidos.