Antes e depois da abertura oficial do Janela, dois filmes fazem a festa dos cinéfilos. Os mais cabeças vão bater ponto às 18h30 para assistir ao longa Loulou, de Maurice Pialat, que abre a Mostra Pós Nouvelle Vague. Por volta da meia-noite, mais precisamente às 23h, só os que têm estômago forte e nervos de aço estão aptos para ver o primeiro longa da Mostra de Clássicos, o alucinado O massacre da serra elétrica, de Tobe Hooper.
Loulou, realizado em 1980, é o quarto longa de Pialat, que morreu em 2003, aos 77 anos. Ele ficou ficou mundialmente famoso quando conquistou a Palma de Ouro de Cannes, em 1987, por Sob o sol de Satã. Loulou traz a dupla Gérard Depardieu e Isabelle Huppert no elenco. É quase um estudo sobre a classe média francesa pós-maio de 1968.
Neste filme sincero e cru, Pialat se posiciona como testemunha do encontro entre uma jovem burguesa (Isabelle), recém-casada, e sua paixão por um cara desempregado (Depardieu). Ao lado de cineastas como Philip Garrel, Jacques Doillon e Jean Eustache, Pialat trouxe questões sobre a família e do individualismo despolitizado para o cinema francês das décadas de 1970 e 1980.
Clássico da era do VHS no Brasil, O massacre da serra elétrica foi remasterizado para celebrar seu 40º aniversário, comemorado numa sessão especial do Festival de Cannes em maio último.
Mesmo após tantos anos de produzido, continua imbatível. Poucos filmes na história do cinema foram tão perturbadores e tão influentes no seu gênero. A história da família de canibais, que surpreende cinco amigos numa estrada do Texas, é daquelas de causar pesadelos.
Cenas de extrema crueldade, provocados por três irmãos loucos e um avô centenário, que parece uma múmia, há muito que estão no cânone do terror.
Mas, não são apenas as cenas terríveis e seus personagens, como o célebre Leahterface (Gunnar Hansen), que fazem a sua fama. Tecnicamente, é uma obra-prima, com edição de som e trilha sonoras perfeitos. No entanto, é mais lembrado pela perseguições de Leatherface, a pele enrugada do vovó (John Dugan) e os olhos verdes de Sally (Marilyn Burns, que morreu em agosto deste ano).