Normalmente um bom tempo de duração para um documentário musical são 52 minutos, para a TV, ou uma hora e 20 minutos, uma hora e meia para o cinema. Mais do que isso se torna enfadonho. Cássia Eller (BRA, 2015), longa-metragem que estreia esta quinta-feira (29/1) nos cinemas, tem cerca de duas horas. Mas não se assuste. O filme, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, deixa uma boa sensação semelhante a quando sonhamos com uma pessoa querida que já morreu ou quando encontramos um amigo que há muito não vemos.
O documentário narra a saga meteórica da cantora, que é sabida de todos, pela mídia. Mas isso compõe apenas a estrutura da obra. O recheio fica por conta de detalhes da intimidade da protagonista narrados em imagens - algumas raras - e depoimentos de parentes, amigos e profissionais com quem ela trabalhou.
A montagem do filme mostra com precisão como a aspirante a cantora evoluiu para o nível profissional até atingir seu sucesso máximo e como esse processo, aliado a sua vida pessoal fora do comum, provocou uma séria mudança em seu comportamento que, infelizmente, culminou em sua morte, em 29 de dezembro de 2001.
O diretor Paulo Henrique Fontenelle acerta ao dispensar qualquer malabarismo estético. Sobressai a personagem, que, por si só, já representa, até hoje, a vanguarda.
A música pernambucana é representada, logo na abertura, pelo tema Quando a maré encher, da banda Eddie, e por Corpo de lama, de Chico Science & Nação Zumbi, ambos na voz de Cássia. Imperdível.
Leia a crítica completa na edição desta quinta-feira (29/1) do Caderno C do Jornal do Commercio.